CPI pede condução coercitiva e retenção de passaporte de lobista da Precisa
Marconny Faria iria depor nesta quinta-feira (2) mas não foi localizado pela Polícia Legislativa. Senadores interrogaram o ex-secretário de Saúde do governo do Distrito Federal, Francisco Araújo Filho
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A CPI da Covid enfrentou uma série de contratempos nesta semana. Nesta quinta-feira (2), os senadores esperavam ouvir o lobista Marconny Albernaz Faria, suspeito de atuar em favor da empresa Precisa Medicamentos em fraudes no Ministério da Saúde. Diante da ausência do lobista, os senadores adiantaram o depoimento do ex-secretário de Saúde do governo do Distrito Federal Francisco Araújo Filho, marcado para esta sexta-feira (3). Antes, contudo, os parlamentares decidiram pedir à Justiça para convocar Faria coercitivamente e pedir a retenção de seu passaporte.
Araújo foi preso em agosto de 2020, durante a operação Falso Negativo. A operação investiga fraudes na compra de testes para Covid-19 para a rede pública do DF. A suspeita dos senadores é de que a Precisa operava, no Distrito Federal, o mesmo esquema de superfaturamento no Ministério da Saúde. Em sessão da CPI, o diretor da empresa, Francisco Maximiano, admitiu que já se encontrou com Araújo Filho para tratar da venda de 20 mil testes rápidos ao GDF.
A ausência de Marconny Faria, que apresentou um atestado médico de 20 dias para não comparecer à comissão, irritou os senadores. A exemplo de outros depoentes, o lobista também foi amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O HC não o livrava, contudo, do comparecimento à comissão. Diante disso, a cúpula da CPI decidiu convocar o depoente coercitivamente, além de pedir à Polícia Federal a retenção do passaporte do lobista.
Marconny Albernaz, lobista da Precisa que deveria depor hoje, não apareceu até agora. A CPI já mandou que a Polícia do Senado o busque sob vara. Paralelamente, estamos pedindo à Justiça também a sua condução coercitiva.
— Humberto Costa (@senadorhumberto) September 2, 2021
Faria entrou na mira da CPI porque mensagens obtidas pelos senadores apontam a atuação do lobista na tentativa de fraudar uma licitação, a favor da Precisa, para a compra de testes rápidos pelo Ministério da Saúde. As mensagens trocadas entre ele e o ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) José Ricardo Santana, mostram que os dois se conheceram na casa da advogada de Jair Bolsonaro, Karina Kufa.
O lobista da Precisa também aparece em mensagens – obtidas pela Folha de S. Paulo – com o filho mais novo de Bolsonaro, Jair Renan Bolsonaro. Nas conversas, ele se coloca à disposição do filho 04 para ajudar na abertura de uma empresa. “Bora resolver as questões dos seus contratos!! Se preocupe com isso. Como te falei, eu e o William estamos à sua disposição para ajudar te ajudar”, escreveu Faria.
Da Redação