CPMI do Golpe espera ouvir ex-secretária de Inteligência do DF Marília Alencar
A presença da delegada na sessão de terça-feira (12), no entanto, não é certa, devido a habeas corpus. PM agredida no dia 8 também foi convocada pela comissão
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A CPMI do Golpe agendou para esta terça-feira (12) o depoimento da delegada da Polícia Federal Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal. No entanto, sua presença não é certa, pois ela foi beneficiada por habeas corpus que a desobriga de comparecer, concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao convocá-la, deputados e senadores esperavam esclarecer pelo menos dois eventos relacionados à tentativa de golpe que teve seu ponto máximo nos ataques de 8 de janeiro. O primeiro são as blitze realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar que eleitores de Lula, especialmente da Região Nordeste, votassem no segundo turno das eleições.
Naquela época, Marília Alencar ocupava o cargo de diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, então comandado por Anderson Torres. Ela foi apontada como autora do mapeamento que teria servido para a PRF identificar os locais onde Lula tinha mais eleitores.
Intimada a depor à Polícia Federal em abril deste ano, Alencar confirmou, segundo o G1, que elaborou e entregou o mapeamento a Torres, embora tenha negado que o objetivo fosse realizar barreiras nas estradas com o intuito de prejudicar a eleição de Lula.
Sabotagem na segurança
O outro evento que Marília Alencar pode ajudar a esclarecer é a sabotagem realizada pela cúpula de Segurança do Distrito Federal na proteção da Esplanada dos Ministérios no dia 8. Isso porque, após o fim do governo de Jair Bolsonaro, a delegada continuou trabalhando com Anderson Torres. Ele se tornou secretário de Segurança Pública do DF, e ela assumiu o posto de subsecretária de Inteligência.
A CPMI já descobriu que a cúpula da Polícia Militar ignorou o plano de ação integrada e deixou, propositalmente, a Esplanada sem a devida proteção. Por conta disso, sete militares da corporação estão presos. Mas é preciso apurar ainda de quem partiu a ordem para sabotar o plano de defesa e facilitar a ação dos golpistas, que puderam facilmente invadir o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF.
As suspeitas, evidentemente, recaem sobre o ex-ministro da Justiça bolsonarista Anderson Torres, que comandava a PRF no segundo turno das eleições, guardava uma minuta golpista dentro de casa e assumiu a Segurança do DF sete dias antes dos atentados.
Assim, é obvio que Marília Alencar, claramente alguém de confiança de Torres, a ponto de ser escolhida para coordenar a Inteligência tanto no ministério quanto no governo do DF, tem muito a explicar.
PM espancada será ouvida
Também foi marcada para esta terça-feira a oitava da cabo Marcela da Silva Morais Pinno, que atuava no Batalhão de Choque da PMDF no dia dos atentados. O que aconteceu com a policial é a prova de que os golpistas bolsonaristas agiram com violência e não eram apenas idosos pacíficos, como tenta fazer crer a extrema direita.
Vítima direta da sabotagem feita na segurança por seus superiores, Marcela era um dos poucos policiais enviados inicialmente para a Esplanada no dia 8. Acabou cercada por um grupo de terroristas e jogada de uma altura de três metros no prédio do Congresso Nacional, sendo violentamente espancada em seguida.
Já na quinta-feira (14), a CPMI aguarda o depoimento do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto. Responsável pela autorização do acampamento golpista em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília, Dutra é considerado, pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) um dos “militares que estavam dentro do golpe”.
Da Redação