Crise econômica foi alimentada artificialmente, diz diretor do Le Monde Diplomatique Brasil
O movimento, segundo ele, teria iniciado ainda no final de 2014, logo após o final das eleições presidenciais que garantiram a reeleição de Dilma Rousseff
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O sociólogo Silvio Caccia Bava, diretor e editor chefe do Le Monde Diplomatique Brasil, alertou, na quarta-feira (18), durante palestra, sobre a real natureza da crise econômica que o Brasil atualmente enfrenta. Para ele, houve um processo de construção artificial de uma crise econômica, a partir da mídia e de acadêmicos.
O movimento, segundo ele, teria iniciado ainda no final de 2014, logo após o final das eleições presidenciais que garantiram a reeleição de Dilma Rousseff.
“No final de 2014, começamos a vivenciar um clima de terrorismo econômico para forçar uma mudança de rumos na política econômica”, declarou.
O verdadeiro objetivo desse movimento, acrescentou, era um só: o Brasil precisa promover uma recessão para rebaixar o custo do trabalho. Esse objetivo, destacou ainda, faz parte de uma agenda global de recuperação de perdas do capital financeiro após a crise internacional de 2008.
Quem pagou o pato neste processo é a economia real e todos aqueles que vivem da renda do próprio trabalho. Já o capital financeiro tratou de recuperar o terreno perdido.
“Os grandes fundos de investimento praticamente dobraram de tamanho depois da crise de 2008. No caso o Brasil, o país virou uma plataforma de exploração rentista internacional, com taxas de juros que não têm paralelo no mercado”, observou o sociólogo.
No plano político, esse movimento do sistema financeiro é acompanhado por um Congresso Nacional onde cerca de 70% dos parlamentares eleitos foram financiados por apenas dez grandes grupos econômicos.
“Os partidos, de modo geral, deixaram de representar esses interesses porque seus parlamentares passaram a responder a interesses privados, de seus financiadores de campanha”, ressaltou
O antídoto para esse quadro, defendeu, é mais democracia e o aprofundamento do debate na sociedade sobre o que está acontecendo no país, quais os agentes que estão atuando e construindo as narrativas da crise.
“Estamos vivendo o fim de um ciclo, mas há um fato positivo acontecendo, que é a formação de novas frentes de luta como a Frente Brasil Popular”, avaliou.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Portal “Sul21“