Crise hídrica se agrava em São Paulo

Aumento de retirada de água do Cantareira agrava crise de abastecimento na região

Chuvas do final de semana não melhoraram crise no Sistema Cantareira

A retirada de água do Cantareira aumentou em 64%, nas últimas semanas de junho. Do dia 13 ao dia 30 do mês passado, o volume armazenado do sistema caiu 2,7 pontos percentuais, indo de 23,3% para 20,6%. A seca registrada no período agravou ainda mais a situação.

O índice pluviométrico acumulado no mês de junho ficou abaixo dos 16 milímetros (mm), consideravelmente inferior aos 59,9 mm registrados no mesmo período em 2013.

Medidas consideradas emergenciais neste cenário, como o racionamento, não foram oficializadas até o momento pelo governador do estado e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB).

Na tentativa de diminuir a captação de água da reserva, o governo anunciou que, em outubro, as obras que permitem o desvio de outras reservas para o abastecimento das regiões que dependem do sistema estarão concluídas. O Cantareira é a principal fonte de abastecimento do estado, atendendo mais de 8,8 milhões de pessoas da Grande São Paulo e Grande Campinas.

Apesar disso, o relógio corre contra Alckmin. Segundo projeções feitas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o Cantareira pode secar no mesmo período de conclusão das obras. Na hipótese menos alarmante, com queda de 0,1% ao dia, o Sistema secaria em janeiro de 2015. Na hipótese mais crítica, com queda de 0,2%, o Cantareira secaria em meados de outubro.

Nas últimas 24 horas,  o armazenamento caiu 0,2 ponto percentual, indo de 20,4% para 20,2%, registrados nesta manhã.

O Professor Doutor da Universidade de Campinas (Unicamp) e consultor do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Antonio Carlos Zuffo, apresentou um panorama sobre a situação hídrica dessas bacias e do Sistema Cantareira. Ele informou que se permanecer o atual regime de chuvas, somado às atuais vazões de afluência (água que entra nos reservatórios), o volume útil e o da reserva técnica será totalmente consumido em menos de 100 dias.

Para se ter ideia da gravidade, sem o volume morto, o volume do Cantareira estaria contanto com apenas 2,1% da capacidade de armazenamento.

Anticrise  – Em junho, o Comitê Anticrise divulgou um comunicado no qual alertou que o volume disponível do Cantareira poderia secar ainda em outubro.

O comunicado foi feito em cima de estudo da Sabesp, usando as projeções baseadas em cenários com afluências correspondentes a 75% e 50% das mínimas históricas, entre junho e novembro. O documento apontou que na hipótese mais desfavorável, a de 50%, os volumes disponíveis se esgotariam em 27 de outubro.

A vazão afluente registrada em junho foi de apenas 6,6 mil litros por segundo, equivalente a 34% do número registrado no mesmo período do ano passado, de 19,0 mil litros por segundo. O volume armazenado apresentou uma queda de 17,74%, indo de 24,8% para 20,4%.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias

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