Crise política unifica a esquerda democrática, analisa Guimarães
“Vamos reverter no Senado, há muita mobilização de intelectuais, artistas e da comunidade internacional contra o golpe”, avalia José Guimarães
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Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (10) em que avaliou como falido o atual modelo brasileiro de presidencialismo de coalizão, apontou a união das esquerdas como único caminho para a construção de uma pauta sólida de defesa dos trabalhadores e se disse confiante com a paralisação do golpe no Senado. “Vamos reverter no Senado, porque há muita mobilização de intelectuais, artistas e da comunidade internacional contra o golpe”, disse.
Para Guimarães, o atual processo político conturbado vai fortalecer o PT e as esquerdas, a partir dos atos de rua e da reaproximação com movimentos sociais. “A esquerda democrática está muito unificada”, avaliou o deputado. “Essa crise política altera muito o formato da esquerda brasileira, é o que vou defender dentro do PT. Acho que temos que evoluir para a frente ampla no Brasil. Discutir algo mais estratégico para o país, porque esse modelo de presidencialismo de coalizão que foi construído nesses 13 anos de governo faliu. Temos que pensar algo mais consistente e programático para colocar no lugar.”
Na avaliação do líder do governo na Câmara, a retomada da Frente Brasil Popular e a criação da Frente Brasil sem Medo são sinais de que a exigência de unidade vem das ruas, cabendo aos partidos de esquerda construirem essa ação unificada. Segundo ele, a frente de esquerda deve compreender, além do PT, setores da Rede e do PSB e PDT, PCdoB e PSOL.
“Nosso partido governou o Brasil por 14 anos, tem marcas muito fortes, para o bem e para o mal. O PT deve repensar o processo, nosso legado e tomar posições que altere esse modelo de coalizão”, afirmou. “Está na hora de a esquerda sentar e discutir uma frente ampla. O que faliu foi esse modelo de governabilidade. Um processo fruto de uma eleição dividida. Metade da Câmara não votou na Dilma, então, como montar uma base assim?”, questiona.
Há três pilares do atual processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, diz o líder do governo: a Justiça, o Senado e as ruas. Os movimentos de rua são responsáveis por balizar a ação do Senado, por isso, Guimarães acredita numa reversão no Senado. “Estão querendo afastar a presidenta Dilma por razões políticas. O Brasil está muito dividido, mas as pessoas estão percebendo isso. Qualquer cidadão fala no golpe. Não se faz impeachment desse jeito, na marra”, disse.
Guimarães diz que Dilma se constitui em uma liderança para a esquerda daqui para frente e não será abandonada pelo partido. “É invenção que a presidenta Dilma vai renunciar, ela não foge à luta. Todo dia inventam isso. Não a abandonamos quando ela tinha 8% de avaliação positiva, não vamos abandonar agora que ela tem 30%”, afirmou.
Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias