Debate com Lula: reação certeira ao vazio de propostas na Band
Em complemento a seus porta-vozes, o ex-presidente apareceu em diversos vídeos falando de educação, economia, trabalho e outros temas do Plano Lula
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Mesmo com a tentativa judicial de calá-lo, Lula se fez presente para a população brasileira na noite desta quinta-feira (9) no Debate com Lula. Em contraponto ao clima de coleguismo do morno debate feito pela Band, a conversa entre Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, Gleisi Hoffmann e Sérgio Gabrielli teve diálogo e um amplo detalhamento do Plano Lula de Governo.
A sabatina começou com a leitura da carta que o ex-presidente escreveu sobre sua ausência no debate da Band – a emissora quis tê-lo no programa porém, mais uma vez, o TRF-4 e a juíza Carolina Lebbos cercearam seu direito à participação plena na disputa eleitoral.
O programa foi ao ar no Facebook e no YouTube, e também retransmitido por mais de cem canais. Complementando as intervenções de seus porta-vozes, o ex-presidente expôs suas ideias em diversos vídeos. De educação a economia, passando por política externa, tributação e justiça.
Conforme lembrou a presidenta nacional do PT no fim do programa: “O liberalismo econômico não serve pro Brasil, o Brasil precisa de um projeto de desenvolvimento com forte presença do Estado é é isso que Lula fez”, completou Gleisi Hoffmann.
Confira os destaques:
Economia
Crise econômica e desemprego dominaram a discussão. Haddad fez questão de explicar o ponto central das propostas do PT para estas eleições: em uma economia em crise, reduzir salários e direitos alimenta um sistema vicioso que atinge também as empresas que, sem dinheiro, deixam de investir. “Lula sabia disso, por isso melhoramos o crédito”, disse o ex-prefeito.
Para quebrar esse ciclo, o Plano Lula propões retomada do crédito fácil e barato. “Vamos criar um programa chamado Nome Limpo. Para que todos os brasileiros estejam no cadastro positivo e tenham poder de consumo, assim você gira a economia”, completou.
“O próximo presidente terá que construir ou manter politica de valorização do salário mínimo. Temer e Alckmin disseram que tínhamos que diminuir os investimentos, passaram a Pec do Teto, aumentaram o déficit. Esse test drive tem sido ruim pra economia do brasil, não serve nem ao povo e nem às teses que eles dizem defender”, analisou Manuela.
Enquanto o candidato de extrema-direita bradava na TV que é impossível aliar crescimento econômico a direitos, Manu, Haddad e Gabrielli lembraram que, durante os governos petistas, foram gerados mais de 20 milhões de empregos sem que fosse preciso talhar nenhum direito. “Mostramos que é possível aumentar renda com mais consumo, trabalho formal é direito dos trabalhadores”, finalizou Gabrielli.
Reforma Tributária
Além da valorização do trabalho, o projeto para botar o país no eixos passa por uma mudança no sistema tributário. Tornar os trabalhadores que ganham até 5 salários mínimos livres do IRPF é o principal plano. Mas há outras alternativas.
Em vídeo, Lula adiantou que, assim como a reformulação do imposto sobre heranças (especialmente grandes heranças) haverá da cobrança do IPVA para jatos, lanchas e outros veículos. “Quem é muito rico vai pagar um pouco mais de imposto, mas vai ter um mercado de consumo maior, vai poder vender mais. Com o tempo, todo mundo ganha”, explicou Fernando Haddad.
Educação
É inegável o legado dos governos Lula e Dilma para o ensino superior, via programas como o Prouni e o Fies. Quando Haddad assumiu o Ministério da Educação, Lula o procurou para saber o que fazer para aprofundar as essas mudanças ao ensino escolar.”Essa sempre foi uma questão muito ampla na cabeça do Lula, disse.
Para redirecionar os esforços ao ensino médio, foram construídos Institutos Federais e universidades a todas as cidades-polo do país. Haddad lembrou como essas políticas impactaram positivamente a juventude. “Promover o crescimento das cidades médias, e com o Sisu e o Enem houve uma belo intercâmbio de etnias e cultural pelo país. Hoje, mudaram a cor da universidade”.
Para 2019, a meta do Plano Lula de Governo é fechar acordos de cooperação com as 500 escolas mais precárias do país e estender ao mercado de trabalho as políticas afirmativas que mudaram a vida de toda uma geração. “Vamos mudar a Lei do Estágio para favorecer negros e mulheres. E também mudar a regra de bolsas da pós graduação.”
Segurança Pública
Para enfrentar de verdade a maior organização criminosa do país, que nasceu sob o governo tucano e se espalhou para dezenas de outros estados, o Plano Lula defende uma participação mais ativa do governo federal na segurança pública, como a nacionalização de bancos de DNA e pactuação entre estados.
“Não tem como o Governo Federal repassar recursos aos governos estaduais sem uma organização federal”, disse Haddad. Atual coordenador do plano, Gabrielli defendeu a inteligência na gestão do orçamentos das polícias, para que haja prioridade na prevenção e resolução de crimes contra a vida.
Saúde
O trio foi unânime em afirmar que não há como retomar o ciclo de progressos nessa área sem passar pela revogação da PEC da Morte, que ano após anos estrangula o orçamento da saúde. “Os pobres não eram inseridos no orçamento público. Nós fizemos parte desse trabalho. Você sabia que 60 milhões de brasileiros não tinham acesso a médico antes de criarmos o Mais Médicos?”, lembrou Haddad.
“Parece que o Brasil voltou décadas atrás. A mortalidade infantil voltou a crescer. O Temer e o PSDB desmontaram o SUS”, completou Manuela.
Meio Ambiente
O Plano Lula de Governo fala da chamada “transição ecológica”, que assume a responsabilidade do poder público na preservação e sustentabilidade sem abrir mão do desenvolvimento. O desmatamento líquido zero é um dos grandes destaques. “Estamos combinando a questão do desenvolvimento urbano com sustentabilidade. Vamos fazer uma política de acesso à terra no Brasil, do ponto de vista de uma vida mais sustentável”, explicou Haddad.
Política externa
Para que o passaporte brasileiro volte a ser motivo de orgulho, o Plano Lula propõe a retomada de uma política externa ativa e altiva, com foco na integração e no diálogo multilateral. “Quando Lula era presidente, ampliamos nosso comércio exterior. Fortalecemos nossas relações com a América Latina, África, China e a Rússia. Lula respeita e é respeitado internacionalmente”, afirmou Gleisi Hoffmann.
O apetite vendilhão de Temer na venda das empresas públicas também foi criticado. “Lula manteve o Pré-Sal sob controle dos brasileiros: criou o Fundo Social do Pré-Sal e colocou a Petrobras no centro de uma política para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, criando empregos”, lembrou Gabrielli.
Da Redação Agência PT de Notícias