Defender o legado de Lula é defender a democracia e o estado social, diz Paulo Rocha
Em discurso na tribuna, senador petista lembrou conquistas do povo brasileiro nos últimos anos e a importância de defender esses avanços
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Administrar o País do povo para o povo é a essência primeira do Partido dos Trabalhares desde sua criação. É este o mote que aumenta ainda mais a responsabilidade do partido, na avaliação do senador Paulo Rocha (PT-PA), na defesa intransigente da jovem democracia brasileira que tem sido alvo de tentações golpistas. A impressão é que, além de não aceitar mais uma derrota, os neoliberais golpistas não engoliram o fato de o Brasil ter mudado de status – para melhorar – a partir da chegada de um operário sem diploma superior ao posto máximo da república.
“O perigo que estamos vendo hoje é o direcionamento da economia para colocar por terra as conquistas e avanços do País, conquistados a partir do governo Lula. Vemos nos debates, nas proposições de impeachment, nas tentativas de levar no tapetão, de golpe, um ataque à democracia”, disse Paulo Rocha, ao observar que as forças progressistas têm a responsabilidade de defender a democracia.
O desafio colocado é assegurar as conquistas com Lula e Dilma e para tanto exige do PT, que está no poder, uma contribuição maior ao governo na busca de saídas que não signifiquem acabar com os avanços. O PT, lembrou o senador, defende e sempre defenderá que a participação popular tenha voz na definição das políticas públicas, tendo a política econômica o compromisso de assegurar o crescimento com distribuição de renda e geração de empregos, onde todos e todas, indistintamente, tenham as mesmas oportunidades para crescer.
Inclusão – “Fizemos isso e o maior exemplo nos oito anos do governo Lula, ao contrário do que as forças conservadoras e retrógradas o acusavam de analfabeto, foi promover a inclusão social, a geração de empregos e retirar 36 milhões de pessoas da pobreza extrema”, salientou.
Paulo Rocha citou alguns feitos que devem ser lembrados diariamente, como a política de valorização do salário mínimo. De 1994 a 2002, na gestão neoliberal, o que se via era arrocho salarial e desprezo elitista por aqueles que ganhavam R$ 200 de salário mínimo. Com Lula, a valorização do salário mínimo foi 143% maior do que o IPCA no período. “É uma política, portanto, que produz uma injeção direta de recursos na economia, uma mola mestra do desenvolvimento, refletindo na maior produção industrial para atender o consumo”.
O senador citou o Bolsa Família – completou agora doze anos e constitui a base do programa Brasil Sem Miséria, lançado em 2011 -, que se torna um instrumento fundamental de inclusão e de dignidade. Por conta do Bolsa Família, 36 milhões de pessoas estão fora da extrema pobreza e isso confere o título de maior programa de inclusão social e redução das desigualdades sociais.
Em aparte, o senador Dário Bérger (PMDB-SC), condenou as movimentações de políticos que articulam um golpe contra o governo Dilma e contra a democracia e elogiou o Bolsa Família pela capacidade de promover mudanças na vida das pessoas mais necessitadas, dos mais pobres do País. “Esse é um programa que combate a pobreza e falo com conhecimento de causa, porque fui prefeito e acompanhei sua implantação. O ideal seria que não precisássemos ter o Bolsa Família. No dia que não tivermos desigualdade, talvez não precisemos do programa, mas ele tem como uma das maiores responsabilidades a de lutar para reduzir as desigualdades sociais”, afirmou.
Escolas técnicas – Paulo Rocha elencou outros programas vitoriosos que produziram, na prática, mudança na vida das pessoas. Nesse legado de Lula está a recriação de escolas técnicas. Em 2002 existiam 140, isoladas, sem investimento, desamparadas e hoje são 400 escolas técnicas que têm oito milhões de alunos. Programas como o Pronatec, para capacitar jovens por meio de mais de 500 cursos, é o maior programa da história do País com 6,8 milhões de alunos matriculados. “Foi Lula, o primeiro brasileiro sem diploma a chegar na presidência da República, que criou o maior número de universidades no País e o sistema de acesso dos mais pobres nos cursos superiores”, apontou.
Na área hídrica, Lula iniciou o resgate da dívida centenária com o povo nordestino ao criar o programa Água para Todos, beneficiando 750 mil famílias. A transposição do Rio São Francisco faz parte do resgate dessa dívida, porque 12 milhões de famílias terão acesso à água potável. “É a maior obra de infraestrutura do Brasil, que emprega 10 mil trabalhadores”, lembrou.
O senador considera relevante e necessário trazer à lembrança esses feitos – que não são poucos, são inúmeros – porque o que está em jogo é ocultar essa vitória do povo. Os neoliberais apostam suas fichas na crise econômica para liquidar os avanços e as conquistas do povo. “O golpe contra Dilma é seu maior objetivo e a disputa ideológica permanece e se acirra com as forças conservadoras que querem que o ano 2014 só termine em 2018”, afirmou. Restaurar a agenda do neoliberalismo significa a abertura sem critério da economia para a concorrência internacional, significa uma política externa girando na órbita de países imperialistas, significa diminuir a presença do estado na economia e, por fim, significa o que os neoliberais mais sabem fazer: promover privatizações para o capital externo, o arrocho salarial e corte de direitos sociais. Nisso não há comparação.
Portanto, o PT tem que continuar firme na luta em defesa da democracia e rechaçar mais essa tentativa de enfraquecer as instituições pelo neoliberalismo. “É vital defender o legado de Lula, se posicionar contra o golpe e contra a intolerância”, destacou.
Por Marcello Antunes, do PT no Senado