Desde a eleição, preço da gasolina sobe pela sexta semana consecutiva

Combustível varia 5,4% desde antes do segundo turno das eleições e começa a influenciar a inflação futura. Derrotado, Bolsonaro não reclama mais da carestia

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Desde o início da sequência de altas, pouco antes do segundo turno das eleições, o produto acumula nas bombas alta de 5,4%. Imagem: Site do PT

O preço da gasolina subiu pela sexta semana consecutiva nos postos brasileiros, voltando a ultrapassar a barreira dos R$ 5,00 por litro. Entre 13 e 19 de novembro, o preço médio do litro do combustível subiu 0,6%, para R$ 5,05, contra R$ 5,02 na semana anterior. Desde o início da sequência de altas, pouco antes do segundo turno das eleições, o produto acumula nas bombas alta de 5,4%, ou R$ 0,26 por litro.

O levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revela que os aumentos mais recentes se devem, sobretudo, à alta de preços do etanol anidro, puxado pela valorização do açúcar, matéria-prima do insumo. O produto compõe 27% da mistura da gasolina.

O litro do etanol anidro passou de R$ 2,83, em 11 de setembro, para R$ 3,29 em 11 de novembro, com alta acumulada de 16,1%. Nos postos, o etanol hidratado também tem sentido a pressão e subiu 12,5%, passando de R$ 3,37 em setembro para R$ 3,79 na semana passada. Aos poucos, esses aumentos vão sendo repassados ao preço final da gasolina, e Jair Bolsonaro já não mais se importa.

Desde o início de setembro, a Petrobrás, pressionada pelo futuro ex-presidente, não mexe nos preços de venda das refinarias. Para ajudar o então candidato à reeleição, a estatal “congelou” sua política de Preço de Paridade de Importação (PPI), chegando a operar com defasagens em relação às cotações internacionais.

Nas semanas anteriores, “aumentos pontuais no preço da gasolina realizados por refinarias privadas, importadores e varejistas também contribuíram para a alta recente do preço médio da gasolina”, aponta Antonio van Moorsel, diretor do Advisory e sócio da Acqua Vero Investimentos, no ‘Money Times’.

Mas os sinais foram invertidos na abertura do mercado global desta segunda-feira (21). As cotações do petróleo caíam para o nível mais baixo desde o início do ano (US$ 88 o barril “brent”). Agora, conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras está 3% acima da paridade internacional, ou R$ 0,08 por litro.

Já o preço do gás de cozinha não refletiu o corte de 5,3% promovido pela Petrobrás em suas refinarias na semana passada. Segundo a ANP, o botijão de 13 quilos foi vendido no país, em média, a R$ 110,19 na semana passada, valor apenas 0,2% inferior ao verificado na semana anterior.

Para van Moorsel, as altas consecutivas da gasolina tentem a pressionar ainda mais a inflação, que voltou a subir entre o primeiro e o segundo turno das eleições. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro interrompeu um período de queda, puxado pelas manobras eleitoreiras de Bolsonaro, avançando 0,59%.

“Em contraste às desonerações fiscais, cujo efeito deflacionário foi observado de julho a setembro, a sexta alta semanal consecutiva no preço da gasolina tende a contratar mais pressão inflacionária”, afirma o analista em relatório. “Portanto, representa um vetor altista no balanço de risco da inflação, em função da transmissão ao longo da cadeia.”

Da Redação

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