Dilma diz à CNN que o Brasil mudou e vai mudar mais
Presidenta conta que o País supera a pobreza e dará novos passos com mais educação e saúde
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A presidenta Dilma Rousseff defendeu que o Brasil está concluindo um ciclo, marcado pelo crescimento com inclusão social e estabilidade macroeconômica, para entrar em um novo, que vai se basear na melhoria da produtividade. A análise foi ao ar na tarde desta quinta-feira (10) na rede de televisão norte-americana CNN. “Nós temos, como país, de apostar muito na educação”, disse Dilma à jornalista Christiane Amanpour.
Para a presidenta, ao mesmo tempo em que a educação garante um ganho permanente para os brasileiros que mudaram recentemente as suas condições de vida, ela permite entrar na economia da inovação, do crescimento e do valor agregado. “Somos um país que tem uma agricultura, uma indústria e um setor de serviços bem desenvolvido. Então, nós temos de assegurar qualidade de emprego e temos de investir em infraestrutura logística, energética e social-urbana”, defende a presidenta na entrevista. Para dar esse salto em educação e saúde, Dilma diz contar com os recursos do pré-sal.
Na avaliação da presidenta, a entrada nesse novo ciclo irá voltar a colocar o Brasil num ritmo maior de crescimento, que desacelerou devido à crise iniciada em 2008. Ela lembra que, enquanto o mundo cortou 60 milhões de empregos, o Brasil criou 11 milhões. “Nós temos feito um imenso esforço para manter as taxas de crescimento e um desses esforços diz respeito aos investimentos que fazemos em infraestrutura”, diz Dilma. E, ela conta, isso só é possível porque o Estado brasileiro equacionou a questão da dívida pública.
Copa – A presidenta disse que ficou muito triste com a derrota para a Alemanha e a entrevistadora lhe perguntou o que ela pretende dizer à chanceler Angela Merkel no domingo. “Não é uma guerra, é um jogo, e é por isso que o futebol encanta. Porque, além disso, ele mostra a beleza da iniciativa individual humana em vários momentos, apesar de ele ser um jogo de cooperação”, disse Dilma.
A presidenta comentou que o discurso sobre o dinheiro investido na Copa não tem razão de ser, pois o investimento nos estádios é um empréstimo do governo, que será pago com juros. Outros investimentos, como a melhoria nos aeroportos, são obras que seriam feitas de qualquer modo para atender às necessidades dos brasileiros. “Eu acho que nós temos muito a apresentar e muito orgulho a ter com esta Copa”, diz Dilma. Com relação à derrota em campo, ela diz que deve ser uma oportunidade. “(É preciso) dar a dimensão devida a essa derrota e usá-la para renovar o futebol brasileiro e para valorizar cada vez mais os nossos atletas”.
Eleições – A jornalista lembrou as vaias e xingamentos no jogo de abertura entre Brasil e Croácia e perguntou se a presidenta acha que vai vencer as eleições. “Eu tenho a convicção que eu tenho o que apresentar para a minha população”, diz Dilma. Ela citou como exemplo a construção de 3,7 milhões de moradias pelo Minha Casa Minha Vida, com um subsídio de 90% do valor do imóvel para a baixa renda. “Nós temos programas que garantem medicação gratuita de hipertensão, diabetes e asma para todos os brasileiros, sem exceção”, conta.
Democracia – Após narrar a sua experiência de luta contra a ditadura e falar sobre a prisão e tortura, a presidenta disse ter a certeza absoluta que os brasileiros derrotaram a estrutura que praticou a tortura. “Todos os processos de tortura, historicamente, destruíram quem praticou a tortura. É gravíssimo o Ocidente voltar atrás nessa questão”.
Espionagem – A repórter perguntou à presidenta se ainda há algum problema com os Estados Unidos e a administração Obama por causa da espionagem. “Nós não temos nenhuma intenção, nós não temos nenhuma intenção de deixar, por exemplo, que ocorra novamente espionagem com empresas brasileiras nem com cidadãos brasileiros, nem tampouco com o governo brasileiro”, diz Dilma. “Mas nós também entendemos, por parte dos Estados Unidos, o esforço feito no sentido de eliminar esses aspectos”.