Dilma vai à Justiça contra os robôs de Aécio

Campanha tucana utiliza mecanismos pagos para conseguir visibilidade nas redes sociais

ROBÔS FOTO GRANDEA campanha da presidenta Dilma Rousseff (PT) entrou com uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE), nesta quinta-feira (9), contra a coligação do candidato Aécio Neves (PSDB), pelo uso de mecanismos de manipulação pagos de nas redes sociais. A campanha do tucano tem recorrido constantemente a perfis falsos, conhecidos como robôs, para conseguir visibilidade no Facebook e no Twitter.

A legislação eleitoral proíbe qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet no período de campanha. A prática é também considerada enganosa, pois é capaz de influenciar a imagem de determinada campanha, já que suas mensagens eleitorais ficam em destaque nas redes sociais.

Os robôs contratados pela campanha do Aécio atuaram diversas vezes nos últimos meses, sendo sua última manifestação notada no último domingo (5), dia do primeiro turno das eleições. A estratégia utilizada para gerar visibilidade no Twitter e alcançar os Trending Topics, ranking de temas mais comentados no momento, foi criar um exército de contas fantasmas.

Esses perfis, normalmente comandados por um único usuário, reproduzem inúmeras vezes as mesmas publicações. Eles também são capazes de responder e atacar automaticamente publicações contra o candidato para o qual trabalham.

Um levantamento feito pelo site da campanha da Dilma, Muda Mais, identificou pelo menos 63 perfis falsos que reproduziram oito tuítes da conta oficial de Aécio. Os robôs compartilharam as publicações mais de 180 vezes, cada um. O site identificou ainda que houve, somente nesta semana, um reforço de quase 400 robôs.

Os robôs não são difíceis de identificar. Enquanto as contas de pessoas comuns e reais na rede social são identificadas, normalmente, por nomes ou apelidos, os perfis falsos utilizam nomes e série de números aleatório, como por exemplo, @891daee7f2cd481 e @bymajuwukih.

Pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos sobre a Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (Labic), a pedido do jornal “Folha de São Paulo”, no dia 28 de setembro, mostra que o candidato tucano inflou sua imagem no Facebook e no Twitter durante o debate dos presidenciáveis na TV Record.

Os perfis “robôs” usaram de forma massiva as hashtags #debatenarecord e #SouAecioVoto45 e conseguiram, em menos de 15 minutos, triplicar as menções ao candidato no Facebook. No Twitter os robôs conseguiram alavancar o nome de Aécio para os Trending Topics.

Segundo a Labic, a maioria dos robôs tem ligação com Eduardo Trevisan, proprietário da Face Comunicação Online Ltda., empresa responsável pelo monitoramento das redes sociais de Aécio. Segundo a prestação de contas de Aécio no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o publicitário recebeu R$ 130 mil do Comitê Financeiro Nacional do PSDB. Ele nega ter coordenado os ataques e diz ter sido vítima de hackers.

A ação pede que a coligação de Aécio seja multada, no valor que pode variar de R$ 5 a R$ 30 mil, pelo uso de propaganda eleitoral paga na internet, atribuindo a autoria a terceiro.

 

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias

PT Cast