Dirceu: haverá muita luta por direitos no país e a democracia corre risco
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ex-ministro chefe da Casa Civil afirma que há risco concreto de autoritarismo no Brasil de Jair Bolsonaro
Publicado em
O ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu acredita que a sociedade vai se mobilizar contra a perda de direitos, as privatizações e as políticas do governo Jair Bolsonaro contra os princípios democráticos. “Haverá luta neste país, e haverá muita”, diz. Mas ressalva: “Temos que levar em consideração que estamos vivendo (sob) um governo autoritário, obscurantista e a democracia está em risco.”
Segundo ele, há um risco concreto de autoritarismo no Brasil, o que é demonstrado pelos ataques à imprensa, à cultura, à universidade, à educação e pela maneira como o presidente da República trata a oposição.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual na tarde desta quinta-feira (20), Dirceu comentou as recentes ameaças do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ao Congresso Nacional. “Ele (Bolsonaro) tem todo o direito de convocar o povo para pressionar o Congresso, esse não é o problema. Mas por que o general Heleno, e não ele, que é o presidente da República?” O ex-ministro lembra que os militares estão hoje ocupando os ministérios mais importantes do Executivo.
Ouça:
Ele também lembrou que o Planalto tem sofrido derrotas perante as instituições. Destacou as no Congresso – que na sua avaliação se deram pelo fato de os partidos de esquerda terem votado junto ao Centrão e mesmo a setores de direita no parlamento – , como a capitalização na reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro.
Dirceu mencionou ainda o posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), particularmente do ministro Ives Gandra, em relação à greve dos petroleiros. “A maneira como o TST trata a greve dos petroleiros mostra que o tribunal está ‘a serviço do empresariado’”, segundo ele.
Na opinião do ex-ministro, a política externa do Brasil de Bolsonaro tem uma “alinhamento total com Trump’, o que é um equívoco, em sua opinião. “Nossos interesses são confluentes com os da China, grande importadora de energia, alimentos e fornecedora do que nós precisamos, de tecnologia. Os Estados Unidos são concorrentes nossos, nós somos produtores de energia, somos um país com indústria e com um enorme mercado interno.”