Economista garante: choque de gestão em Minas foi “uma farsa”

Para Fabrício de Oliveira, tudo não passou de propaganda para enganar os mineiros

Fabrício Oliveira, da Unicamp: “Choque de gestão de Aécio é peça de marketing”

“O ‘choque de gestão’ de Aécio Neves (PSDB), quando governador de Minas Gerais, não passou de uma jogada de marketing”. Quem afirma é o doutor em economia pela Unicamp, Fabrício Augusto de Oliveira. Ele diz que o governo vendeu a falsa ideia de haver acertado as contas do estado de Minas Gerais e atingido o “déficit zero”. A propaganda do tucano garantia que as contas estavam equilibradas e que sobravam recursos. “O slogan ‘déficit zero’, que é um pilar do programa choque de gestão, é uma ideia falsa”, garante Fabrício.

Em momento algum o governo de Minas conseguiu organizar as contas. Entre 2003 e 2010, o governo teve déficit em todos os conceitos. Atualmente, a Dívida Consolidada Líquida (DCL) está em mais de R$ 9 bilhões – saltou de R$ 70,4 para R$ 79,7, em apenas um ano. O valor corresponde a 185% da Receita Corrente Líquida (RCL). De acordo com Oliveira, se o desempenho se mantiver no modelo atual, a relação da dívida com a receita pode se aproximar dos 200%, limite máximo estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com a falácia do choque de gestão de Aécio, a população passou acreditar que o estado estava com um desempenho econômico acima da média. De acordo com a propaganda tucana, as receitas não paravam de aumentar e os gastos não paravam de diminuir.

Fabrício Oliveira explica que os empréstimos feitos por Aécio eram contabilizados como receita e não como dívida. “Este conceito mascara a verdadeira situação do estado”, afirma o economista.

Assim, se o equilíbrio econômico tivesse ocorrido de fato, a DCL não teria passado de R$32,9 bilhões, em 2002, para R$79,7 bilhões, em 2013. “Com isso, podemos perceber que o estado foi altamente deficitário durante todo o período de governo do PSDB”, esclarece Oliveira.

Além disso, o plano do PSDB de Minas resultou no congelamento de salários do funcionalismo público, em 2003, uma queda de 5% no poder aquisitivo dos servidores. Ainda incorreu na extinção de benefícios previdenciários e no contingenciamento de 20% das despesas públicas, reduzindo, principalmente, os recursos para políticas sociais.

“Então, o choque de gestão, com o chamado déficit zero, é uma ilusão, uma farsa. É uma peça de marketing que foi vendida para a população, nada mais que isso”, finaliza Fabrício.

O economista é ex-professor da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fundação João Pinheiro. Ele é autor de vários livros sobre economia brasileira e finanças públicas, entre eles “Dívida Pública do Estado de Minas Gerais: A Renegociação Necessária”, “Economia e Políticas das Finanças Públicas no Brasil”, “Subprime: os 100 dias que abalaram o capital financeiro mundial e os efeitos da crise no Brasil”.

Por Alessandra Fonseca, para a Agência PT de notícias

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