Em Minas, choque de gestão custou meio bilhão em publicidade

Foi o que gastou o tucanato mineiro em 12 anos de bombardeio midiático para disseminar e consolidar a bandeira da eficiência administrativa como trampolim para suas pretensões políticas

(Foto: Jose Cruz/ABr)

Recursos foram gastos em empresas de comunicação. Algumas delas pertencem à família de Aécio

Ficou caro para os mineiros o bombardeio midiático com que o agora tão contestado “choque de gestão” foi alçado ao posto de bandeira publicitária número um das pretensões políticas do candidato derrotado à Presidência,  senador Aécio Neves (PSDB-MG): mais de meio bilhão de reais.

Os R$ 547 milhões em publicidade oficial, não incluídos os dispêndios das estatais mineiras, foram gastos entre a posse, no primeiro mandato do agora candidato derrotado à presidência, em 2003, até este ano (2014), quando o sucessor e pupilo Antônio Anastasia deixou o governo ao qual chegou pelas mãos do padrinho para conseguir uma cadeira no Senado Federal.

O dado, divulgado nessa terça-feira (23), foi omitido das prestações de contas do estado ao público, eleitores, contribuintes e cidadãos do terceiro maior estado do país durante 12 anos, período em que as despesas com propaganda multiplicaram-se por 10 vezes, ou mais de 900%, de acordo com reportagem da “Folha de S. Paulo” desta quarta-feira (24).

A longa espera acaba sendo uma demonstração explícita e agravante de que o “choque de gestão” ainda não se traduziu em ganho de eficiência na máquina administrativa do estado. Todo o gasto foi, sob a ótica do marketing, em vão, inócuo, até mesmo para assegurar os votos que o Estado precisava canalizar para ungir PSDB e seu ex-governador ao cargo de presidente. Aécio perdeu a eleição feio, casa.

O argumento da administração estadual para a demora foi que “só agora foi concluído levantamento realizado com mais de 500 mil documentos referentes às despesas com a veiculação de publicidade oficial em televisão, rádio, jornais, revistas, internet e cinema”, diz a reportagem.

Mas as explicações oficiais apresentaram um atenuante para a longa espera: ”Segundo cálculos do PSDB, que divulgou nota sobre o assunto, empresas de comunicação controladas pela família de Aécio que veicularam publicidade oficial durante seu governo receberam menos do que seus concorrentes”, diz a reportagem.

A família Neves é proprietária das rádios Arco Íris (retransmissora da Jovem Pan em Belo Horizonte), São João e Colonial, além do jornal “Gazeta de São João Del Rey”, todos na cidade de igual nome.

Divisão do bolo – Segundo o comunicado tucano, as emissoras de televisão, TV Globo à frente, ficaram com mais da metade (quase 52%) da bolada publicitária: R$ 290 milhões.

O maior jornal mineiro, o “Estado de Minas” (Diários Associados), beneficiou-se de R$ 138 milhões para apoiar o governo Aécio e sua candidatura presidencial. Por isso, o jornal viu seus negócios com estado multiplicarem-se mais de 15 vezes (1.428%) no mesmo período de 12 anos.

De acordo com a “Folha”, os gastos foram divulgados em documentos no formato PDF, gerando uma dificuldade adicional para sua análise. “Os valores nas tabelas só podem ser processados após a conversão dos documentos em planilhas de cálculo, com o uso de ferramentas especiais. A divulgação dos dados foi coordenada com o PSDB, que minutos depois distribuiu nota para rebater acusações feitas pelo PT, de que as empresas da família de Aécio foram privilegiadas na distribuição das verbas de publicidade”, relatou.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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