Em Pequim, seminário afirma cooperação de 40 anos entre o PT e o PCCh

Em carta, lida pela presidenta Gleisi, o presidente Lula destaca o trabalho conjunto “por uma ordem global multipolar e por uma governança global mais justa e representativa”

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Na abertura do seminário, a presidente Nacional do PT leu carta do presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, endereçado ao presidente Xi Jinping

A presidenta Gleisi Hoffmann e uma delegação do Partido dos Trabalhadores participaram, nesta terça-feira, 9, do VII Seminário Teórico entre o PT e o PC Chinês, em Pequim, recebidos por Liu Jianchao, ministro do departamento internacional do Comitê Crntral do PCCh.

A visita da delegação brasileira ao país segue até  o dia 20 de abril, afirmando uma parceria entre o PT e o Partido Comunista Chinês que completa 40 anos neste ano. A realização do VI Seminário Teórico PCCh-PT faz parte do fortalecimento da relação e da cooperação política entre os dois partidos.

“Nossos partidos fazem 40 anos de relações políticas constituídas. A primeira delegação petista a visitar a China foi em 1984. A delegação deste ano e a presença no seminário teórico é a maior de nossa história, convidada pelo partido chinês”, disse Gleisi em suas redes sociais.

Na abertura do seminário, a presidente Nacional do PT leu carta do presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, endereçado ao presidente Xi Jinping (veja o vídeo abaixo e leia a íntegra em texto no pé da matéria).

Na carta (veja a íntegra original da carta), o presidente Lula destaca o trabalho conjunto “por uma ordem global multipolar e por uma governança global mais justa e representativa”.

E defende, ainda segundo a nota, “a coexistência pacífica entre as grandes potências, com oportunidades de desenvolvimento e o bem-estar para todos”.

Na agenda do encontro, estão intercâmbio de experiências em áreas como desenvolvimento sustentável, redução de pobreza e proteção do meio ambiente, entre outros.

Intercâmbio de experiências

Ainda segundo Gleisi, no ano passado uma delegação de alto nível do PCCh, coordenada por Li Xi, do Comitê Central do Partido visitou o Brasil e assinou um termo de acordo de cooperação com o PT.

“Consideramos muito relevante o estreitamento de laços entre os dois partidos, seja pela China ter grande importância econômica e comercial para o Brasil, seja pela importância política de promover alinhamento cada vez maior entre os partidos progressistas e de esquerda do mundo para enfrentar o movimento da extrema direita que cresce”, afirmou Gleisi.

A delegação do PT é chefiada, em um primeiro momento, pela presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e coordenada pelo secretário de Relações Internacionais, Romenio Pereira.

O secretário passará a chefiar a delegação após o retorno da presidente Gleisi, que permanecerá apenas cinco dias na China, devido ao cumprimento de agenda política nacional.

A delegação petista é formada por representantes de todas as regiões do Brasil, 8 deputados e deputadas federais, 7 deputados e deputadas estaduais.

Também integram a delegação 13 lideranças do partido, entre eles, Valter Pomar, membro do Diretório Nacional e diretor da Fundação Perseu Abramo e Monica Valente, membro da Executiva Nacional e secretária Executiva do Foro de São Paulo.

Leia na íntegra a carta enviada pelo presidente Lula para saudar o VII seminário teórico entre o Partido Comunista da China e o Partido dos Trabalhadores:

A SUA EXCELÊNCIA O SENHOR XI JINPING
PRESIDENTE DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA

Venho através desta carta saudar o Secretário-Geral do Partido Comunista Chinês e Presidente da China, Camarada Xi Jinping.

Este ano, em 15 de agosto, o Brasil e a China completam cinquenta anos de relações diplomáticas. São cinco décadas de cooperação, intercâmbio e amizade que apontam para um futuro compartilhado.

Ano passado, durante minha visita a Beijing, ainda nos primeiros meses do meu terceiro mandato, alçamos nossa parceria estratégica a um novo patamar. Expandimos nossos laços comerciais, de investimento, e de cooperação técnica, científica, tecnológica e educacional, entre outras áreas. Ampliamos nossa cooperação em satélites, que é um modelo de iniciativa contínua e transformadora.

Cimentamos laços não apenas entre nossos governos e empresas, mas entre os nossos povos.

Sempre cientes do passado, olhamos com esperança para o futuro. A transição justa oferece uma janela única para um modelo de desenvolvimento mais inclusivo e sustentável para nossos países e para o mundo. Será um canal cada vez mais importante para o intercâmbio tecnológico, científico e econômico entre o Brasil e a China, e para o combate à pobreza e à fome.

Hoje, a relação Brasil-China é importante não apenas para nossos países, mas também para o mundo.

Enfrentamos muitos desafios comuns, desde a proliferação dos conflitos armados até a intensificação da mudança do clima e os riscos do mau uso da inteligência artificial. Tanto o Brasil quanto a China priorizam a resolução pacífica das controvérsias, o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e amplamente acessíveis.

A pandemia de Covid-19 nos mostrou que precisamos fortalecer os canais globais de cooperação, com base na solidariedade.

Entendemos que um mundo altamente assimétrico e desigual só nos traz mais problemas. Colaboramos para fortalecer os espaços tradicionais da governança global, como a ONU e as instituições de Bretton Woods. Mas também reforçamos espaços chave da cooperação Sul-Sul tais como o G77+China, o BRICS e o BASIC.

Esse ano, a presidência brasileira do G20 nos oferece mais uma oportunidade de avançar novas ideias e propostas para o desenvolvimento, a paz e a sustentabilidade no mundo.

Trabalhamos juntos por uma ordem global multipolar e por uma governança global mais justa e representativa. Valorizamos a coexistência pacífica entre as grandes potências, com oportunidades de desenvolvimento e o bem-estar para todos.

E continuaremos trabalhando juntos para que o mundo possa chegar na COP30, que será realizada na Amazônia brasileira, com novas soluções para os desafios climáticos e ambientais.

Para fazer frente a esses desafios e aproveitar as oportunidades que surgem, é necessário aprofundar ainda mais os laços e o conhecimento mútuo.

Desde que voltei à Presidência, o Brasil e a China também elevaram, e continuaremos elevando, nossa relação política.

O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista Chinês (PCCh) fazem parte dessa história.

Nossos partidos, como nossos países, têm trajetórias de combate à pobreza e de promoção do bem-estar.

Hoje o PT é o maior partido político na América Latina. Valorizando a participação social como forma de fortalecer a democracia, lutamos desde nossa fundação, em 1980, pelo bem-estar, dignidade e prosperidade dos trabalhadores no campo e nas cidades, no Brasil e no mundo. O PT elegeu a primeira mulher Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, hoje à frente do Novo Banco do BRICS.

Atualmente nosso partido é presidido com firmeza e serenidade por outra mulher sábia e forte, a companheira Gleisi Hoffmann.

Ela estará à frente da delegação do PT para participar da 7ª Edição do Seminário Teórico PCCh-PT, onde teremos a oportunidade de trocar experiências de governança, participar de debates e colaborar em projetos de interesse comum.

O Memorando de Entendimento entre o PT e o PCCh, assinado por ela e pelo Secretário Li Xi em setembro do ano passado, representa um passo importante para que os dois partidos possam estreitar e aprofundar ainda mais esse diálogo.

Tenho certeza de que encontraremos cada vez mais pontos de convergência e oportunidades de cooperação.

E que as trocas entre os nossos partidos, entre nossos governos, e entre nossas sociedades se tornarão cada vez mais frequentes e frutíferas.

Viva a amizade entre o povo brasileiro e o povo chinês!

Da Redação

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