Em São Paulo, 70 mil marcham contra Temer
Manifestação foi uma das maiores do país e terminou com repressão da polícia militar, que utilizou bombas e até blindados
Publicado em
A cidade de São Paulo foi tomada por diversas mobilizações por conta da Greve Geral ao longo de todo o dia 28 de abril. A movimentação culminou em um grande ato, com cerca de 70 mil pessoas que marcharam desde o Largo da Batata, na região de Pinheiros, até a casa de Michel Temer, a três quilômetros dali.
Na periferia também ocorreram marchas desde a manhã, fechando avenidas importantes como Giovane Gronchi, Cupecê, Washington Luís, Carlos Lacerda e Estrada de Itapecerica, além da Radial Leste. O Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas percorreu o centro um grande comboio com centenas de trabalhadores, mostrado que rejeitam a reforma de Temer.
No Largo da Batata, a concentração reuniu manifestantes dos mais variados grupos, que entoaram palavras de ordem como “Fora, Temer”, “Diretas Já”, e ainda pediram a desmilitarização da PM.
O protesto seguiu de maneira pacífica, contando com a presença de várias figuras importantes do PT, como a senadora Gleisi Hoffmann e o senador Lindbergh Farias, além de Carlos Zarattini, Paulo Teixeira, Eduardo Suplicy e Nabil Bonduki.
“Hoje o movimento foi um sucesso. É a maior greve geral que nós temos em 30 anos”, afirmou Gleisi Hoffmann. “Isso é um recado contundente, forte, ao Temer, àquele Congresso que tem sido um braço operativo desse golpe”, acrescentou.
Segundo a Senadora, “o Brasil não aceita a reforma da Previdência, o Brasil não aceita a reforma trabalhista, o Brasil não aceita a retirada de direitos. Esse é o recado, e esse recado vai calar profundamente no Congresso Nacional. Tenho certeza que as reformas vão parar”.
Para Lindbergh Farias, “nós não estamos só derrotando a reforma da previdência trabalhista, a gente está começando a derrubar o governo Temer”. Ele afirma que “vai crescer no país a bandeira de eleições gerais. Nós estamos com um projeto inclusive, já apresentado no Senado, que é para antecipar as eleições para outubro de 2017”.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, um dos organizadores da greve e das manifestações, afirmou que “é a maior greve da história do Brasil”. Ele parabenizou a militância do PT, que “esteve na rua ajudando a construir a greve em cada núcleo, em cada zonal, em cada estado”.
Para Freitas, “a conjuntura mudou a partir de hoje. Semana que vem a partir de segunda-feira, o golpista não tem mais condição de governar o país porque hoje foi sepultado o governo dele. Hoje a população disse não ao Temer, sim à diretas já, sim a uma nova eleição no Congresso Nacional, sim a constituinte para renovar a política brasileira”.
Para Edson Carneiro Índio, da Intersindical, “a greve geral é uma vitória, nós vamos continuar na luta, e nós vamos, no amor ou na dor, atropelar essa agenda que quer acabar com os direitos da classe trabalhadora, do povo brasileiro, que é um crime de lesa pátria contra o Brasil”.
Repressão policial
Por volta das 17h, quando ocorria a concentração do ato principal, a Polícia Militar (PM) invadiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo informações publicadas no site do sindicato, os policiais intimidaram manifestantes sob o argumento de “proteger o patrimônio público”.
Fortemente armada, a Polícia Militar invadiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, em uma ação contra a democracia e a liberdade de manifestação. Leia a nota do Sindicato sobre o caso (http://bit.ly/2oU9Ep7) e veja a declaração da presidenta Juvandia Moreira (http://bit.ly/2oUpFvt).
Publicado por Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região em Sexta, 28 de abril de 2017
Em nota, os bancários afirmaram que “os trabalhadores estavam na porta do Sindicato se manifestando quando cerca de cinco policias militares correram atrás deles e entraram na entidade armados revistando os militantes, de forma truculenta e agressiva. A ação foi gravada por funcionários, que tiveram de mostrar seus documentos para policiais que não quiseram se identificar”.
Ao final da manifestação em Pinheiros, um pequeno grupo se concentrou em frete à casa do golpista Michel Temer, que era protegida por grades montadas pela PM, sem atos de violência. Pouco tempo depois, quando o ato já se dispersava, a polícia começou a atirar bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, acertando inclusive grupos distantes. A PM utilizou ainda blindados com jatos de água.
A Polícia Militar aparentemente atuou em obediência ao seu comandante, o governador tucano Geraldo Alckmin, que afirmou em entrevista à rádio CBN que a PM atuaria para “desmobilizar” os protestos. Felizmente, nada disso impediu que São Paulo fizesse o maior ato desta que foi a maior Greve Geral da história do Brasil.
Da Redação da Agência PT de Notícias