Embu das Artes: uma nova cidade após as gestões de Geraldo Cruz
Petista e pré-candidato em 2016 foi prefeito por 2 mandatos. Ele transformou o município da Grande SP com educação, combate à violência e valorização dos artistas
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Embu das Artes, na Grande São Paulo, é conhecida há décadas pela feira de artesanato em seu centro histórico, que atrai quase um milhão de turistas por ano.
Para além das artes, porém, havia se tornado também uma cidade violenta, descuidada e empobrecida. Esse cenário passou a mudar a partir de 2001, quando Geraldo Cruz (PT-SP) tomou posse como prefeito. Ele foi reeleito quatro anos depois.
Durante seus mandatos houve a diminuição da taxa de homicídios de 34 por mês (então uma das maiores do Brasil) para quatro mensais. A mortalidade infantil também diminuiu de 22 para oito óbitos a cada mil crianças nascidas vivas. A porcentagem de analfabetos despencou de 13% para 1,9%.
A transformação só foi possível pelo enfoque total nas questões sociais e pelos incentivos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criou diversas ações de desenvolvimento para as cidades brasileiras, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Geraldo é, agora, deputado estadual e pré-candidato pelo PT à prefeitura de Embu das Artes. A intenção é retomar o crescimento de suas gestões. O petista saiu da prefeitura em 2008 com 85% de aprovação e fez o seu sucessor, o atual prefeito Chico Brito (sem partido).
Porém, engana-se quem pensa que se tratam de aliados. Chico Brito se desligou do PT em abril deste ano. Para Geraldo, não foi nenhuma surpresa.
“Eu faço uma avaliação muito simples: ele se encantou com o poder, passou a fazer outra coisa e acabou saindo do PT. E saiu tarde”, afirma.
Uma nova Embu
A avaliação de muita gente na cidade é que há “uma Embu Antes e uma Embu depois de Geraldo”. Em 2000, a cidade estava, de fato, um caos.
Houve o afastamento de 18 vereadores por seis meses e até o então prefeito, Oscar Yazbek (PDS) havia sido afastado duas vezes por acusação de desvio de recursos públicos. Entre os vereadores, apenas Geraldo se manteve no cargo.
“A cidade vinha sofrendo um processo de desgaste muito grande da falta de políticas públicas, da falta de organização, do planejamento da cidade. A cidade estava verdadeiramente abandonada”, analisa.
Com a posse do petista como prefeito em 2001, o município começou a ser reconstruído. Uma das primeiras ações foi a criação do plano diretor e de um planejamento de desenvolvimento econômico da cidade.
Como resultado, Embu das Artes começou a receber grandes empresas, como a Perdigão e a Libbs, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do País.
O desenvolvimento foi estendido para a periferia, com criação de novos centros comerciais. O saneamento básico também foi construído quase do zero com ajuda de verbas do PAC do governo Lula. Além disso, houve urbanização de favelas.
O planejamento deu ótimos resultados sociais e econômicos. A cidade saiu de um orçamento de R$ 69 milhões em 2000 para os atuais R$ 700 milhões.
Segurança e educação
Embu era uma das cidades mais perigosas do País em 2000. “Era uma loucura para uma cidade de 210 mil habitantes”, lembra Geraldo.
O petista criou a Guarda Municipal Metropolitana e atraiu um batalhão da Polícia Militar exclusivo para as cidades de Embu e a vizinha Taboão da Serra. Ambos os municípios saltaram de 164 para 570 policiais.
Um outro grande avanço da gestão de Geraldo foi em relação à alfabetização da população. Em 2001, Embu tinha 13% da população que não sabia ler nem escrever. O então prefeito lançou dois programas de alfabetização de jovens e adultos. Em 2009, como resultado, o analfabetismo caiu para 1,9% da população.
“Desses 1,9% de analfabetos, 60% era acima de 60 anos. Praticamente erradicamos o analfabetismo. Hoje, porém, essa taxa voltou a subir”.
Sua administração também construiu a primeira maternidade do Embu e ajudou a diminuir drasticamente a absurda taxa de mortalidade infantil que havia no município.
“Nós construímos a primeira maternidade. Vale dizer: o prefeito atual fechou a maternidade com discurso que precisava reformar. É algo incrível”, ironiza.
Arte para os artistas
Os artistas locais se mantiveram valorizados durante a gestão petista. Como resultado, houve o incremento do turismo nacional e até internacional e movimentou todo o comércio do entorno, como restaurantes e lojas de outros produtos.
Essa valorização, no entanto, não é praticada pela atual gestão em Embu das Artes.
“A ganância da nova administração começou a dar autorização para todo mundo. Nós voltaremos com uma lei mais rigorosa para que, de fato, na feira de artes do centro histórico tenha realmente quem produz arte e não a indústria da arte”.
Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias