Energia eólica avança 51,5% em um ano
Em dois anos e meio, geração hidráulica caiu quase 10%: de 75,2% do total da matriz energética brasileira em 2012 para 68,4%; e geração eólica, de quase nula nas estatísticas, passa a quase 4,5% neste ano
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O Brasil vai ficando progressivamente menos dependente da energia hidráulica, mostra balanço mensal InfoMercado, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), divulgada nessa sexta-feira (24). Pelo menos é o que está acontecendo neste momento de seca e de falta de chuvas para manutenção dos níveis de reservatórios para geração hidráulica.
As usinas eólicas, movidas por cataventos, geraram 2.449 megawatts (MW) médios nas três primeiras semanas deste mês, um aumento de 51,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A previsão é que alcance 4,5% do total gerado no país.
Já as usinas movidas a água (hidrelétricas), que até início de 2012 respondiam por cerca de 75,2% da geração de energia no país, conforme Anuário Estatístico 2013 da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), registraram entre julho de 2014 e deste ano (2015) queda de 4,4% na geração e produziram 39.741 MW médios.
O resultado do monitoramento da CCEE inclui todo o mês de julho até última terça-feira (21). Ele mostra uma redução de 2,6% no consumo de energia em 12 meses, mesmo com alguns setores registrando altas taxas de crescimento do consumo.
O boletim InfoMercado informa que, baseado em dados do mercado, houve crescimento de 11,8% de consumo no setor de manufaturados, 9,5% na extração de minerais metálicos, 7,9% no de serviços e 6,2% no de minerais não metálicos. Em compensação, o setor alimentício registrou 32,6% menos consumo; seguido de transportes, com queda de 18,5%, e setor químico (-17,5%).
Matriz energética – Pelo novo balanço, a geração hidráulica reduziu sua participação na matriz energética nacional a 68,4% do total. Em julho de 2014 eram 69,6%, o que traduz uma queda de quase 10% em dois anos e meio, contados a partir de 2012.
Tem sido uma reivindicação permanente de movimentos e instituições oficiais e privadas, defensoras do desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental, a reversão desse perfil predominante hidráulico do parque gerador brasileiro.
Eles defendem a diversificação de fontes para contrabalançar o mercado consumidor da energia limpa e renovável, em vez da opção pela geração térmica, com usinas movidas a óleo, gás natural, carvão ou resíduos orgânicos da cana, por exemplo, ou nuclear, ainda só duas geradoras, em Angra, no estado do Rio.
O termômetro da elevação do interesse pela geração limpa foi expresso, nesta semana, pelo recorde de quase 1,4 mil propostas apresentadas ao leilão de energia de reserva que será realizado em novembro pela Agência Nacional de Energia (Aneel).
A licitação se destina à escolha de projetos eólicos e solar, que utiliza placas fotovoltaicas para captação do calor dos raios do sol, somando um total de 42 mil megawatts (MW) de capacidade instalada.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias