Entidades e movimentos lançam o Fórum Mundial da Água
O debate aconteceu em São Paulo e alertou sobre a importância das águas seguirem vivas e protegidas como direito para todos e todas
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Entidades, movimentos populares e ambientais, nacionais e internacionais lançaram, nesta segunda-feira (23), o Fórum Mundial da Água – FAMA 2018, na Fundação Escola de Sociologia e Política, em São Paulo. O evento contou com diversas entidades brasileiras e estrangerias, além de nomes que atuam no ativismo social e político em defesa do direito à água em todos os continentes, para impulsionar o importante debate na sociedade, ainda mais com os desmontes do governo ilegítimo de Michel Temer.
O FAMA tem como objetivo fundamental de tratar água na perspectiva de direito e não mercadoria.
Iniciando o debate com a primeira mesa, o professor da Universidade Federal de Minas e relator especial da ONU para o Direito Humano à Água e ao Esgotamento Sanitário, Léo Heller, e o Doutor Rodrigo de Freitas Espinoza, que realizou uma tese sobre o tema pela UFSCAR, falaram sobre a importância do FAMA em alertar a sociedade brasileira sobre seus direitos ao acesso à água.
“Quando o FAMA diz que água não é uma mercadoria, significa que pessoas que não podem pagar pelo acesso a esse serviço fica excluído e deixa de lado alguns princípios fundamentais dos direitos humanos”, afirma o relator da ONU.
Segundo Rodrigo Freitas, a forma como você descreve a água diz muito mais sobre você mesmo do que sobre a água. A construção do cenário diz muito mais sobre como você enxerga o problema de como de fato é. “Por isso eu acho importante trazer para o debate diversos setores”, diz.
Além dos dois convidados à mesa, representantes de movimentos sociais nacionais e internacionais, pastorais e articulações falaram sobre a importância do FAMA 2018 na atual luta do povo, principalmente com a tentativa de venda da Eletrobras e todos os outros planos de privatizações do governo golpista de Michel Temer.
Entidades que representam os atingidos pelas barragens, os movimentos Rio São Francisco e Tapajós Vivos, além de articulações do semiárido e dos povos indígenas também levantaram questões e denúncias às violações sofridas pelos seus povos. “Os indígenas hoje estão sendo envenenados pelo acesso à água, pelo acesso ao ar, estão sendo privados pelo direito à terra e sem terra não tem preservação da natureza, não tem água, e sem água não tem vida”, afirma Letícia, Payayá da aldeia da Chapada Diamantina.
Para Eduardo Cardoso, representante da CMP, a principal luta hoje é pela manutenção e ampliação dos direitos conquistados ao longo de anos de luta. “Somos contra qualquer tipo de privatização porque gera precariedades e atinge principalmente o povo que está nas periferias e o pequeno produtor, além de impactar na qualidade de serviço, das tarifas, irá tirar a autonomia dos povos sobres os rios e águas”, alega.
A venda da Eletrobras, a maior empresa de energia da América Latina, foi colocada em pauta por conta da proposta Temer em concedê-la, junto com mais de 50 ativos estatais, à venda ou através de concessões ao setor privado. Por isso, movimentos sociais levaram ao debate a importância da luta contra essa medida.
“O FAMA entrou para o nosso calendário de lutas de curto à médio prazo, e é uma agenda importante para o movimento sindical pelo direito à água, energia e saneamento básico. E nós do movimento sindical reforçamos nossa participação nacional e internacional”, conclui Daniel Gaio.
O representante da CUT ainda alerta que no dia 3 de outubro, no Rio de Janeiro, será o Dia de Luta pela Soberania Nacional, quando o povo irá às ruas em defesa da Petrobrás e da Eletrobras e pela democracia.
O primeiro fórum do FAMA será realizado em março de 2018, em Brasília, e irá se contrapor ao “8º Fórum Mundial da Água”, promovido no mesmo período, por grandes grupos econômicos que defendem a privatização das fontes naturais e dos serviços públicos de água.
Saiba como participar do FAMA 2018 e ajude a construir essa luta e assista a transmissão ao vivo feita pela Fundação Perseu Abramo:
Lançamento do FAMA 2018 (Fórum Alternativo Mundial da Água), realizado na FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.Tradução simultânea por Enrique Julio Romera e Francisco Javier Ferrés.
Publicado por Partido dos Trabalhadores em Segunda, 25 de setembro de 2017
Da Redação da Agência PT de Notícias