FPA quer emprego e renda no centro da política para retomada do crescimento
Em manifesto lançado na segunda-feira, entidades dizem que querem colaborar com o crescimento econômico do Brasil e buscam construir um país mais igualitário e democrático
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O documento ‘Por um Brasil Justo e Democrático’, lançado nesta segunda-feira (28) pela Fundação Perseu Abramo, tem como objetivo ajudar na construção de um Brasil mais igualitário. Elaborado por mais de cem especialistas e a partir de dezenas de artigos, o texto propõe a ampliação do debate sobre os rumos do país e apresenta alternativas de política econômica para a retomada do crescimento.
O texto pretende difundir e debater em plano nacional o tema com as lideranças sociais e políticas. Além disso, o documento defende mudanças que coloquem a geração de emprego e a renda no centro da política econômica do governo, para que o país volte a crescer e combater as graves desigualdades sociais.
O professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Guilherme Mello, disse ser necessário pensar em uma visão do papel de longo prazo dos bancos públicos, voltada ao desenvolvimento.
“O documento se presta a evitar o terrorismo da lógica de curto prazo dos mercados especulativos”, afirmou o presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Marcio Pochmann.
Outro tema levantado pelos especialistas é a desigualdade social. Segundo eles, menos da metade da população reside em domicílios com rede coletora de esgotos e apenas uma parte desse esgoto é tratado. “O saneamento pode ser um vetor do crescimento econômico”, afirmam.
Um dos argumentos centrais que o projeto pretende desmontar é o de que a culpa da recessão econômica atual é do aumento de salários ou da expansão da classe média que aconteceu durante os dois governos do PT.
O economista da Unicamp Pedro Rossi diz que esse argumento não é aceito. Para ele, o país viveu um ciclo virtuoso a partir de 2003, com distribuição de renda e crédito e também aumento de produtividade na indústria.
“Durante esse período, principalmente entre 2005 e 2011, houve um aumento do mercado consumidor e da capacidade de oferta; o investimento também cresceu sistematicamente, não foi um crescimento artificial”, defendeu, ressaltando que a taxa de investimento no país chegou a 12% em 2008.
O senador Lindbergh Farias (PT-PB) participou do lançamento e disse que o sentimento dos movimentos presentes é “de que a lógica do ajuste não teve o efeito esperado”. O parlamentar afirmou que os autores do documento querem “defender o governo” e vão “lutar até o fim ao lado desse governo”.
“Esse manifesto dá um caminho, um rumo para os movimentos sociais e para os que querem defender esse governo, mas que tem certeza que esse só será vitorioso e se livrará dessa pressão se mudar”, explicou.
O documento é uma iniciativa da fundação e outras cinco entidades, entre elas a Le Monde Diplomatique Brasil e a Rede Desenvolvimentista. Ele é dividido em dois volumes, o ‘Mudar para sair da crise – Alternativas para o Brasil voltar a crescer’ e ‘O Brasil que queremos – Subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional’.
Durante a apresentação do documento, a fundação afirmou que muitos temas “relevantes” não foram contemplados e outros não puderam ser aprofundados, por isso, trata-se de um texto em construção. De acordo com a fundação, o texto é o primeiro passo para que suscite debates, críticas e novas contribuições capazes de suprir lacunas e aperfeiçoar os subsídios apresentados.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias