Gravação expõe filha de governador tucano do Pará

No áudio gravado com autorização judicial pela polícia civil, Izabela pede uma lista de empresas para recolher o “dinheirinho” deles


Áudio divulgado pelo jornal Diário do Pará revela possível esquema de propina no governo tucano do Pará, que envolve a filha do atual governador, Simão Jatene (PSDB). Na gravação, Izabela Jatene pede ao subsecretário de receitas da Secretaria da fazenda, Nilo Rendeiro de Noronha, uma lista com as 300 maiores empresas paraenses.

Ao receber o sinal positivo sobre o envio da lista pelo subsecretário, a filha do tucano diz: “Vamos começar a buscar esse dinheirinho deles, né?”.

O áudio foi feito pela polícia civil, com autorização judicial, para a investigação do sequestro de um empresário em 2011. Havia indícios levavam ao envolvimento de um funcionário de uma fazenda de Nilo Noronha e, por isso, o telefone do subsecretário também foi grampeado.

O governador tucano, Simão Jatene, tentou sem sucesso, explicar o “dinheirinho” que sua filha queria recolher. Ele afirmou que seria usado no Pro Paz, programa do governo estadual voltado para área da infância e juventude, gerido por Izabela Jatene.

A declaração do governador não surtiu efeito, e deputados estaduais pediram nesta quarta-feira (24), a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA) visando a investigação das denúncias de tráfico de influência na Secretaria da Fazenda (SEFA) para arrecadação de valores com fins desconhecidos.

O deputado estadual Carlos Bordalo (PT), já começou a coleta das 14 assinaturas necessárias para a abertura da comissão. Ele afirmou que já possui 8 assinaturas, e a expectativa do parlamentar, é que após as eleições, este número aumente.

Bordalo disse ainda, que convidará para prestar esclarecimentos, o secretário da Fazenda, José Tostes Neto. “Essa é uma denúncia que atinge o coração da administração pública. À Sefa cabe resguardar o sigilo fiscal e tributário do contribuinte. Se um servidor abre assim facilmente esse sigilo, ninguém está seguro. Então quer dizer que basta um telefonema para se liberar informações sobre as empresas do Estado?”

O Ministério Público do Pará (MPP) já foi acionado, e através de nota, informou que apurará o caso.

O deputado estadual, Valdir Ganzer (PT), afirmou que o conteúdo do áudio é muito grave, e defendeu a investigação. “Queremos saber quanto foi arrecadado e onde está a prestação de contas”, diz.
Por Marcos Paulo Lima, da Agência PT de Notícias

 

 

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