Gleisi Hoffmann: A mania de perseguição, as mentiras e agora a repressão

Colocar-se como perseguido, vítima da ação de outro, de preferência de seu antecessor ou do governo federal, dissimulando, mentindo sobre fatos e situações, são características já conhecidas do governador Beto…

Plenário do Senado durante sessão não deliberativa. Em discurso, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Colocar-se como perseguido, vítima da ação de outro, de preferência de seu antecessor ou do governo federal, dissimulando, mentindo sobre fatos e situações, são características já conhecidas do governador Beto Richa. A elas se somam agora o autoritarismo e uso da força para impor sua vontade, ainda que isso signifique jogar no lixo a palavra que deu e colocar o Estado sob regime de exceção.

A equipe do governador e sua base de apoio na Assembleia tem divulgado que o governo federal deve ao Estado do Paraná, tanto pelo Ministério da Fazenda como pelo Ministério da Saúde, e que isso é um dos motivos que está levando o governo a mexer com o Fundo de Previdência dos Servidores.

Essas afirmações são parecidas àquelas que Beto Richa faz quando diz que Luiz Abi é parente distante com o qual mantém apenas relações sociais. No momento seguinte surgem novos fatos a desnudar a mentira e a dissimulação.

Durante essa semana, veio a público o secretário de Fazenda de Beto Richa, o responsável junto com o governador por todo pacote de maldades que está sendo votado pela Assembleia Legislativa. Disse ele que o governo federal deve R$ 439 milhões referentes à compensação da desoneração de ICMS nas exportações. Mentira! As transferências aos Estados e Municípios estão sendo repassadas regularmente de acordo com a previsão legal. Repasses como a Lei Kandir ficaram represados porque só agora o Orçamento foi aprovado e sancionado e isso vale para TODOS os Estados.

Disse também que a União deve R$ 433 milhões referentes à mudança do indexador e dos juros da dívida negociada com a União. A Lei Complementar nº 148/14 depende de regulamentação e o tema, inclusive, está em debate no Congresso Nacional, que está prevendo sua validade apenas para 2016 e, de toda sorte, o montante que vier a ser apurado para redução da dívida do Estado será abatido do seu saldo devedor. Isso vale para TODOS os Estados.

No caso da Saúde, o governo Beto Richa alega que o governo federal deve incentivos aos centros de atenção psicossocial, repasses ao SAMU e recursos para a Rede Cegonha. É mentira. Já verifiquei junto ao Ministério da Saúde e não há qualquer pendência de pagamento para esses serviços, a não ser aqueles que dependiam da aprovação do Orçamento da União, o que ocorreu agora. Isso vale para TODOS os Estados. Aliás, se o Estado fizesse sua parte e aplicasse corretamente o mínimo constitucionalmente previsto para a Saúde, ajudaria a resolver seus problemas.

Enquanto mente e se faz de vítima para tentar dissimular o fracasso da sua gestão, Beto Richa mantém a pretensão de resolver os rombos financeiros do Estado avançando nos recursos do Fundo Previdenciário dos Servidores do Estado.

Agora, além de faltar com o compromisso de dialogar com os servidores sobre as mudanças na Previdência, mandou a Polícia Militar cercar preventivamente a Assembleia Legislativa, impedindo que professores e outros trabalhadores do Estado, os maiores interessados no assunto, possam se manifestar a respeito do projeto.

O anúncio de que mais de mil PMs estão cercando o Centro Cívico e ficarão de plantão para reprimir os professores, é uma confissão de que Beto Richa não quer dialogar e traz para nosso Estado um clima de regime de exceção. Vai exigir que os deputados do camburão repitam o feito votando agora um projeto sob a imposição de armas e cassetetes. Se isso acontecer, será uma mancha que marcará para sempre a história da Assembleia e do Paraná.

Gleisi Hoffmann é senadora pelo PT do Paraná. Ela foi diretora financeira da Itaipu Binacional e Ministra-Chefe da Casa Civil

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