Gleisi Hoffmann e convidados debatem sobre papel das redes sociais na nova sociedade

Com análises da presidenta do PT, do deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) e do historiador Fernando Horta, o programa PT Conexões Brasil abordou temas centrais para o povo brasileiro; Confira

Reprodução/TvPT

A necessidade de regular o capitalismo digital, em vez de focar só nas grandes empresas de tecnologia. foi um dos temas discutidos

O programa PT Conexões Brasil , transmitido ao vivo pela TVPT e conduzido por Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT), abordou temas centrais da nova sociedade brasileira com foco especial na influência das redes sociais e na transformação digital, na noite desta quarta-feira (17).

O programa recebeu como convidado o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), que é secretário nacional de Comunicação do partido, e o historiador Fernando Horta.

Gleisi Hoffmann deu início ao debate destacando a importância do programa como um espaço para discutir os assuntos mais urgentes da sociedade.

A presidenta do PT chamou Fernando Horta para discutir o universo digital e a relação entre redes sociais e mudanças sociais.

O historiador destacou a complexidade das relações sociais e tecnológicas atuais, ressaltando que não há uma resposta simples para a questão de como a sociedade brasileira e a interação com o mundo digital. Ele explicou que a transformação do “limiar de verdade” é uma questão crucial, pois hoje todas as informações podem ser questionadas e discutidas a um custo muito baixo, criando um ambiente propício para a disseminação de notícias falsas.

“Uma das coisas mais importantes que a gente tem que ter noção aqui é que nós relatamos os nossos limites de verdade alterados. E a partir disso, uma série de efeitos comuns. Começar a acontecer. A gente chama muitas vezes de fake news, mas se você parar para pensar, todas as coisas hoje são passíveis de serem discutidas a partir de pequenas informações que são propostas por indivíduos a um custo quase zero”, disse Horta.

O desafio das fake news

O historiador detalhou como o mundo digital mudou a economia da atenção, tornando a produção de informações barata e acessível a todos, mas também criando uma cacofonia onde é difícil distinguir informações legítimas de desinformação.

Ele criticou a lógica de controle das big techs e defendeu a necessidade de regular o capitalismo digital, em vez de focar apenas nas grandes empresas de tecnologia.

“A transformação vai se dar em função disso. Nossos limites de verdade, o que é confiança, o que a gente pode confiar e o que não pode, é essa condição específica de ser finito ou não ser finito. Às vezes, as pessoas gostam de dizer assim, ah, esse aqui é o mundo digital, esse aqui é o mundo real, essa divisão não pode mais ser de jeito o mundo digital hoje é um espaço de vivência humana, e às vezes as pessoas são mais reais no mundo digital. fazer isso não é mundo real”, afirmou.

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Durante o programa, Gleisi Hoffmann ressaltou que o PT sempre sofreu com fake news e citou um exemplo emblemático da campanha presidencial de 1989, quando Lula enganou Fernando Collor de Mello. Em um debate decisivo, Collor acusou Lula de possuir um “3 em 1”, um aparelho que continha uma rádio, uma toca-disco e uma toca-fitas, e que à época era visto como símbolo de ostentação. Essa acusação foi uma tentativa de desmoralizar Lula, que vinha subindo nas pesquisas.

“Tínhamos pacto com não sei o que? O 3 em 1 do Lula, que, aliás, o Collor ganhou o debate em cima dos fatos. Não tinha rede, mas você já tinha fake news”, lembrou a presidente do PT. 

Importância da regulamentação e educação digital

Jilmar Tatto falou sobre a necessidade de as plataformas digitais serem regulamentadas e combaterem as notícias falsas de forma eficaz. Ele relatou casos recentes em que o PT conseguiu vencer debates importantes nas redes sociais, como no Rio Grande do Sul, na questão do aborto e na PEC de privatização das praias, mostrando que é possível fazer frente à desinformação.

“Uma coisa é essa produção de conteúdos que temos hoje: milhões, que é muito legal, o mundo está conhecendo toda a mente humana, a produção da mente humana, isso é uma coisa. A outra são os canais de transmissão desta produção, que Acho que é aí que está tendo um problema. Nós temos as Big Techs, as plataformas, que os donos dessas plataformas, na sua grande maioria, são extremamente de extrema direita, você tem o Zuckerberg da Meta, você tem o Musk da X. , do antigo Twitter, e que tem o controle disso, então esse é um problema”, assinou o deputado.

Tatto também enfatizou a disputa do PT no mundo digital. “Nós estamos passando aqui no Congresso Nacional, uma resistência, por parte dessas grandes plataformas, de ter uma regulação. Os grandes meios de comunicação que sempre foram concessões públicas no passado e até hoje são, têm uma regulação. Quando você vê um filme da Netflix ou mesmo uma novela, você tem uma classificação lá. Eles não querem classificação nenhuma. Tem um problema de controle ideológico. Uma resistência de elas se auto-regular. Não querem interferência de ninguém.”

Sobre a resistência das plataformas às regulamentações, ele afirmou que não se trata de censura, mas que esse é um debate necessário a se fazer. 

Fernando Horta complementou afirmando que a solução passa pela educação e pelo letramento digital, defendendo a criação de um Plano Nacional de Comunicação que promova a diversidade e a soberania digital. 

Ele destacou a importância de entender e regular o capitalismo digital, e não apenas as tecnologias ou empresas específicas.

“A União Europeia pensa isso há 20 anos, basicamente. E cheguei à conclusão de que a melhor maneira de selecionar o que é conteúdo viável, o que é conteúdo bom, o que é conteúdo que eu quero para os meus filhos? O que eu quero para os meus adolescentes? A melhor pessoa para fazer isso é o próprio usuário”, disse.

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Soberania tecnológica

Gleisi Hoffmann questionou sobre o conceito de letramento digital e como ele pode ser implementado. Horta explicou que o letramento digital é essencial para capacitar os usuários a navegar e compreender o mundo digital de forma crítica e sóbria. 

O historiador de tecnologia sugeriu que o governo invista em educação digital.

“Se nós não fizermos essa discussão agora, se a gente não montar isso daqui a dez anos, nós perdemos o tempo, porque este é o grande problema. Eu estava discutindo sobre isso esses dias. Eu fui apresentar um trabalho lá na Amazônia, nos Diálogos Amazônicos, exatamente sobre isso. Uma antena do Elon Musk na Amazônia não é apenas uma antena do Elon Musk na Amazônia. É uma porta para o garimpo, para o tráfico de seres humanos, para a violência contra as meninas na região, para a desestruturação do nosso subsolo, roubo das nossas riquezas naturais”, afirmou.

Experiência chinesa 

Outro tema planejado no programa foi a experiência chinesa em desenvolvimento tecnológico e soberania digital. Horta informou que a China conseguiu desenvolver um ecossistema tecnológico que compete com o norte-americano em termos de capacidade tecnológica pura. 

Ele destacou o exemplo chinês de como um modelo de como um país pode alcançar independência tecnológica e enfatizou a importância do Brasil seguir um caminho semelhante.

Horta criticou a decisão do governo Temer de abandonar o software livre, afirmando que essa escolha foi prejudicial à soberania tecnológica do Brasil. Ele defendeu a necessidade de retomar e investir em software livre como uma estratégia para desenvolver a capacidade tecnológica do país e garantir maior independência das grandes corporações tecnológicas.

“Um dos maiores absurdos do Temer foi ter acabado com o software livre e ter pago a quantidade brutal de licenças que roubaram da Microsoft. Aquilo ali é um crime contra a soberania. Hoje, a China apresentou o modelo de inteligência artificial dela para a criação de imagens. Todo mundo ficou chocado. As pessoas que entraram lá e passaram a fazer isso, ficando chocadas com o nível que eles têm de letramento e produção de tecnologia nacional”, disse.

Gleisi Hoffmann destacou a importância de entender e atuar nas redes sociais não apenas para crescer em termos de comunicação, mas para transformar a sociedade de maneira mais ampla e profunda.

“Eu acho que a gente tem de ter essa visão e descobrir qual o nosso papel como partido diante desses desafios, e como a gente pode atuar além de crescer nas redes. Claro que queremos crescer nas redes sociais, queremos fazer comunicação. Mas precisamos pensar em uma nova forma, também, de se viver na sociedade”, enfatizou.

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Da Redação

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