Gleisi: “Temos o dever de não deixar a extrema direita voltar”
Em entrevista ao jornal O Globo, a presidenta nacional do PT lembrou que só o PT e partidos aliados têm força para derrotar o bolsonarismo e ressaltou a importância das eleições municipais deste ano
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A deputada federal e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu, em entrevista publicada nesta segunda-feira (5) no jornal O Globo, um permanente enfrentamento contra a extrema direita, que segue ameaçando a democracia e a justiça social no Brasil. E lembrou que, em 2024, essa batalha se dará, principalmente, no terreno das eleições municipais.
“Temos o dever de não deixar a extrema direita voltar. Não estamos falando de um embate com a direita normal, em que você perde e prepara a oposição”, afirmou Gleisi, recusando a ideia de que o PT estimula a polarização com o bolsonarismo. A luta contra o extremismo, argumentou, é uma necessidade.
“Se ficarmos quietos, a extrema direita vem para cima e vai ganhar terreno. Estamos quase numa guerra com a extrema direita. Se nos calarmos, quem vai fazer o embate? Não vai ser a direita. Prefiro o enfrentamento”, argumentou, lembrando que, no poder, Jair Bolsonaro e seus cúmplices criaram na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) “uma Gestapo para investigar as pessoas”.
Crescimento da economia
Sobre as eleições municipais de 2024, Gleisi disse que o bom desempenho da economia sob o comando do presidente Lula pode ajudar o campo progressista a obter muitas vitórias. E voltou a propor que o país persiga metas de crescimento do PIB ambiciosas.
“Tivemos avanços importantes na economia, como o crescimento de 3% do PIB e a inflação controlada. Isso não quer dizer que a gente não tenha preocupações sobre a condução de alguns aspectos da economia. É preciso entrar em um ciclo virtuoso e discutir a meta de crescimento. Tem que ser 4% em 2024”, defendeu.
Emendas parlamentares
A presidenta do PT também criticou o comportamento do Congresso Nacional de transformar uma grande parte do Orçamento em emendas parlamentares.
“Achei um ultraje o valor aprovado para emendas parlamentares no Orçamento, R$ 53 bilhões. É quase o total para investimento. Não sou contra as emendas, mas elas não podem substituir (o papel do governo). Não há um planejamento para o país na execução desses recursos, que seguem interesses dos parlamentares”, argumentou.
“Aí, o presidente (Lula) veta R$ 5,6 bilhões, e o pessoal do Congresso fica bravo, chateado. Não pode ser assim. Tudo tem limite. Temos que conservar o que é papel constitucional de cada Poder”, completou, afirmando que, se tivesse maioria no Legislativo, o PT teria evitado esse crescimento exorbitante das emendas.
“Infelizmente, não temos uma correlação de forças para isso. Precisamos que a sociedade nos ajude, para não deixar o Legislativo avançar desse jeito numa situação que não é de sua responsabilidade constitucional”, pediu.
Da Redação