Governo Bolsonaro reduz em 75% reingressos ao Bolsa Família
Em 2019, como só houve reinclusões até maio, esse número despencou e fechou o ano em apenas 276 mil
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O governo do presidente Jair Bolsonaro fechou a porta nos últimos sete meses de 2019 para quem pediu reingresso no programa Bolsa Família. Uma planilha obtida pelo UOL no portal de respostas da Lei de Acesso à Informação revela que, de junho a dezembro do ano passado, não houve qualquer reinclusão.
A situação levou a uma queda de 74,5% no número de reingressos em comparação ao ano anterior. Em 2018, 1,08 milhão de pessoas voltaram ao programa, seja por perda de renda na família que a faz solicitar reingresso, seja por saída causada por algum problema no cadastro.
Em 2019, como só houve reinclusões até maio, esse número despencou e fechou o ano em apenas 276 mil.
O UOL procurou o Ministério da Cidadania para saber o motivo da não reinclusão de beneficiários durante junho e dezembro, e para saber se houve alguma reinclusão em 2020, mas não obteve resposta.
Pesquisador do tema, o professor Cícero Péricles de Carvalho, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), afirma que o retorno de 1,3 milhão de famílias ao programa, entre janeiro de 2018 e maio de 2019, se justifica principalmente pelas dificuldades no mercado de trabalho —que apresenta altas taxas de desemprego e de informalidade.
“Esse número vem aumentando regularmente desde 2014. Naquele ano, foram 104 mil famílias que voltaram ao programa. Esse número subiu para 423 mil em 2015, 519 mil em 2016 e chegou a pouco mais de um milhão em 2018”, afirma.
Para o pesquisador, em anos de crise e desemprego alto, o programa deveria ser ampliado, e não ter reduzido orçamento e número de beneficiários.
Carvalho lembra que o programa é reconhecido internacionalmente como “um excelente —e barato— redutor da pobreza e desigualdade”.