Guerra no Líbano: primeiro voo de repatriação é adiado para sábado (5) por questões de segurança

Em nota, MRE enfatizou a necessidade de medidas adicionais de segurança para os comboios terrestres que se dirigirão ao aeroporto da capital; presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse esperar “que isso ocorra o mais breve possível”

Valter/Campanato/Agência Brasil

Os ministros José Múcio (Defesa) e Mauro Vieira (Relações Exteriores)

Por motivos de segurança, o primeiro voo para repatriar brasileiros que estão no Líbano foi adiado, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores (MRE), nesta sexta-feira (4). O governo Lula espera dar andamento à operação de resgate – batizada “Raízes do Cedro” – no sábado (5). Nas proximidades do Aeroporto Internacional Rafic Hariri, em Beirute, explosões foram ouvidas nesta madrugada, hora local. As Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) invadiram o país árabe por terra, no início da semana, para confrontar o grupo armado Hezbollah.

Em nota, o MRE enfatizou que é preciso haver mais proteção durante o deslocamento dos brasileiros ao aeroporto, ponto que já vinha sendo tratado junto ao governo libanês. “Em consequência da necessidade de medidas adicionais de segurança para os comboios terrestres que se dirigirão ao aeroporto da capital libanesa, a operação do primeiro voo brasileiro de repatriação não ocorrerá no dia de hoje. Novas informações sobre o voo serão prestadas ao longo do dia”, afirma o documento.

O Ministério da Saúde do Líbano divulgou, nesta quinta (4), que os bombardeios de Israel, iniciados há duas semanas, já deixaram 1.974 mortos, sendo 127 crianças, e mais de seis mil feridos. As estatísticas mórbidas do atual conflito entre o governo israelense e os radicais do Hezbollah superam as do anterior, em 2006, quando 1.191 pessoas morreram, entre civis, soldados e extremistas.

Marcas da guerra

Ikram Adel Yassine perdeu a filha mais velha, Mirna Nasser, 16 anos, durante bombardeio de Israel no último dia 23. Ela recorreu à Embaixada do Brasil em Beirute para conseguir deixar o país árabe. Mãe de outros três jovens, Ikram foi incluída pelo governo no primeiro voo da operação “Raízes do Cedro”.

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“Eu fiquei aqui no Líbano com três crianças pequenas e eu quero ir embora para o Brasil para ficar com meu cunhado e para ele me ajudar com meus filhos. Aqui não tenho ninguém para me ajudar. Fiquei sozinha, fiquei sem homem e sem filha grande para me ajudar. Eu quero ir embora daqui porque não consigo mais ficar aqui”, desabafou, ao portal G1.

Três mil brasileiros pediram para sair do Líbano nos últimos dias, por conta da escalada da violência na região. Depois de autorizada pelo presidente Lula, a Força Aérea Brasileira (FAB) designou o KC-30 para concluir a repatriação. A aeronave dispõe de tripulação de militares da área da saúde, como médicos, enfermeiros e psicólogos.

Por meio da rede social Bluesky, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), manifestou preocupação com os cidadãos sob risco no país árabe.

“Partida do primeiro voo de repatriação de brasileiros no Líbano aguarda condições de segurança para deslocamento até o aeroporto de Beirute. Que isso ocorra o mais breve possível e que o terrorista Netanyahu não bloqueie esta porta de saída do horror que ele provoca no país vizinho”, publicou Gleisi, referindo-se ao premiê de Israel, Benjamin Netanyahu.

Partida do primeiro voo de repatriação de brasileiros no Líbano aguarda condições de segurança para deslocamento até o aeroporto de Beirute. Que isso ocorra o mais breve possível e que o terrorista Netanyahu não bloqueie esta porta de saída do horror que ele provoca no país vizinho.

— Gleisi Hoffmann (@gleisi.bsky.social) Oct 4, 2024 at 12:05

Origens do Hezbollah

Este não é o primeiro conflito entre Israel e o Hezbollah e há quem atribua as origens da milícia paramilitar xiita às primeiras incursões militares israelenses no Líbano, entre 1978 e 1982. À época, em meio a uma guerra civil, um grupo de muçulmanos xiitas, sob a influência do regime do Irã, recorrereu às armas para conter a ocupação judia.

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A partir de então, o Hezbollah passou a ser treinado e financiado pelo país persa para operar contra Israel a partir do território libanês. Mesmo após a retirada das IDF, em 2000, o grupo armado continuou a se fortalecer. Atualmente, é mais poderoso que o próprio exército convencional do Líbano, sendo considerado um movimento de resistência legítimo por boa parte dos muçulmanos.

Da Redação, com informações do MRE, G1

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