Holiday intimida professores e até secretário do PSDB reprova

Vereador do DEM e vinculado ao MBL é defensor do Escola Sem Partido. Ele visitou escolas municipais sob argumento de fiscalizar doutrinação ideológica

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Fernando Holiday, do MBL e vereador pelo DEM

Após realizar visitas “surpresa” a escolas públicas municipais de São Paulo, o vereador do MBL eleito pelo DEM, Fernando Holiday, foi criticado por vários vereadores e até mesmo pelo secretário municipal de Educação de João Doria, Alexandre Schneider.

Defensor do “Escola Sem Partido”, Holiday afirmou que realizou visitas com o intuito de fiscalizar a estrutura das escolas e uma suposta doutrinação ideológica por parte dos professores. No entanto, essa tese foi colocada em cheque e ele é acusado de tentar constranger os professores e alunos.

A vereadora Juliana Cardoso (PT-SP) lembrou que “a pauta de Holiday é muito reacionária”. “Uma pauta que quer contrapor os direitos adquiridos pela nossa Constituição”. Segundo a vereadora, “a prerrogativa do vereador é sim sair e fiscalizar, entrar no equipamento público para melhorar a atuação da escola, mas ele passa por cima da organização da escola, e da lei orgânica do município, que permite autonomia ao professor”.

“Na minha opinião ele quer intimidar, não só professores, mas também alunos, criando um constrangimento que não pode acontecer em sala de aula”, disse Cardoso.

Vereadora Juliana Cardoso (PT) quer que Holiday cobre gestão Doria

“Eu queria que ele fiscalizasse para saber porque João Doria tirou o leite das crianças, porque tirou transporte gratuito, porque o secretário de Saúde quer tirar farmácias de escolas, porque o secretário de Cultura faz tantos cortes em programas específicos da periferia de São Paulo”, questionou a vereadora.

Até mesmo o secretário de Educação de Doria, Alexandre Schneider, disse em nota que “evidentemente o vereador exacerbou suas funções e não pode usar de seu mandato para intimidar professores”.

“A escola, como qualquer organização social, pública ou privada, não é nem nunca será um espaço neutro. A escola pública, laica, plural, não deve ser espaço de proselitismo de qualquer espécie. É o que diz a lei de diretrizes e bases da educação. É o que fundamenta a sua base republicana”.

Assédio e coação aos educadores

A ação ainda foi questionada por vereadores como Sâmia Bonfim (Psol), que considerou as visitas uma forma de “assédio e coação aos profissionais de educação”. Cláudio Fonseca (PPS), que é presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação do Ensino Municipal de São Paulo, e afirmou que “não é competência do vereador, não é seu direito exercer papel de polícia”.

A presidenta da Apeoesp, Bebel Noronha, divulgou nota em que afirma estar indignada com a atuação de Holiday. Para ela, a ação “extrapola totalmente seu papel como parlamentar, se enquadra no padrão de atuação do movimento auto-denominado ‘escola sem partido’, ao mesmo tempo incentivador e resultado do processo de ampliação do conservadorismo e dos retrocessos que estamos vivendo no Brasil”.

A nota ainda repudia “de forma veemente esta ofensiva autoritária de Fernando Holiday, de seu partido e todos aqueles que são incapazes de conviver com a democracia, a diversidade e a pluralidade de concepções na nossa sociedade”.

Confira na íntegra:

Publicado por Maria Izabel Azevedo Noronha Bebel em Terça, 4 de abril de 2017

Da Redação da Agência PT de notícias

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