Homens têm visão machista sobre participação da mulher no carnaval de rua

Pesquisa mostra que 61% dos homens acham que uma mulher solteira que vai pular carnaval não pode reclamar de ser cantada; e 49% disseram que bloco de carnaval não é lugar para mulher “direita”

Pesquisa feita pelo Instituto Data Popular, como contribuição à campanha Carnaval Sem Assédio, do site “Catraca Livre”, mostra que a maior parte da visão masculina ainda é machista em relação à participação de mulheres nos festejos de rua.

A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 12 de janeiro, com 3,5 mil brasileiros com idade igual ou superior a 16 anos, em 146 municípios.

Bloco-Escangalha_RJ06022016002“O que existe por parte dos homens é uma naturalização do machismo”, disse neste sábado (6) à “Agência Brasil” o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles.

De acordo com a sondagem, 61% dos homens abordados afirmaram que uma mulher solteira que vai pular carnaval não pode reclamar de ser cantada; 49% disseram que bloco de carnaval não é lugar para mulher “direita”; e 56% consideram que mulheres que usam aplicativos de relacionamento não querem nada sério.

Segundo Meirelles, o homem ainda tem uma visão de que a mulher é propriedade dele e que ela é feliz dessa forma, “como se a mulher tivesse que ser grata pela grosseria dele”. A pesquisa confirma a percepção distorcida do sexo masculino que a mulher, ao participar de bloco de rua, quer ser assediada. “Isso tem a ver com o processo histórico-cultural no Brasil”, disse.

Renato Meirelles lembrou que qualquer tipo de abordagem sem o consentimento da mulher é assédio. E o assédio, além de ser moralmente errado, dependendo do tipo é crime, e moralmente não funciona, lembrou.Carnaval_Rio_Favorita_06022016_6

A sondagem revela também que na percepção de 70% dos homens, as mulheres se sentem felizes quando ouvem um assobio, 59% acham que as mulheres ficam felizes quando ouvem uma cantada na rua e 49% acreditam que as mulheres gostam quando são chamadas de gostosa.

O lado feminino do assédio será objeto de outra pesquisa que o Instituto Data Popular divulgará mais adiante.

Da Agência Brasil

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