Institutos desconhecidos fazem manobra eleitoral a favor do PSDB

Campanha de Dilma Rousseff acionará o TSE com pedido de informações sobre levantamentos divulgados pelos Institutos Paraná e Veritá

Murilo Hidalgo (esq.): pesquisa nebulosa e nome cotado para estatal do reeleito Beto Richa (dir.)

A 17 dias do segundo turno das eleições, dois institutos de pesquisa até então desconhecidos pela população divulgaram as primeiras sondagens sobre as intenções de voto para presidente da República. Nos levantamentos realizados pelos institutos Paraná e Veritá, o candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) aparece à frente da presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT).

No entanto, a transparência das pesquisas é questionável. O levantamento realizado pelo Instituto Paraná foi divulgado nesta quarta-feira (08) em primeira mão pela revista “Época”, da Editora Globo. Apesar disso, o registro da pesquisa junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não aponta a revista ou a editora como contratante.

De acordo com o TSE, o próprio Instituto Paraná foi responsável pelo pagamento da pesquisa. A mesma situação ocorre no levantamento realizado pelo Instituto Veritá, divulgado nesta quinta-feira (09).

Além disso, os registros das duas pesquisas não apresentam o detalhamento de bairros e municípios onde foram realizados os levantamentos. Para o coordenador jurídico da campanha de Dilma Rousseff, Flávio Caetano, a prática utilizada pelos institutos é incomum.

“Não é usual um instituto pagar para a produção de pesquisa própria, posteriormente divulgada em veículo de comunicação nacional como a revista Época”, explica o advogado.

Segundo Caetano, o setor jurídico do comitê de Dilma acionará o Tribunal Superior Eleitoral ainda nesta quinta (9) com o pedido de informações sobre os dois levantamentos.

“As pesquisas têm intuito de abastecer o primeiro programa eleitoral após o fim do primeiro turno e criar um impacto positivo para um lado”, desconfia Caetano.

Terrorismo – A prática de utilizar institutos desconhecidos para tentar interferir no cenário eleitoral ocorreu, também, nas eleições de 2010. Na época, o Instituto GPP divulgou pesquisa que apontava uma situação de empate técnico, mas com o então candidato do PSDB à presidência, José Serra, pouco à frente da candidata pelo PT, Dilma Rousseff.

Os números eram completamente diferentes daqueles divulgados pela mídia nacional. Além disso, a pesquisa havia sido realizada a pedido do então deputado e candidato a vice de Serra, Índio da Costa (DEM).

A campanha da presidenta Dilma em 2010 também acionou o TSE e alegou que o GPP era um instituto ligado ao ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM), que integrava a coligação de José Serra.

A ligação entre instituto e partido com o intuito de beneficiar determinado candidato também parece ser o caso do Instituto Paraná. De acordo com o jornal “O Diário do Norte do Paraná”, o diretor de pesquisas do instituto, Murilo Hidalgo, é cotado para integrar o novo governo de Beto Richa (PSDB). Hidalgo deve assumir a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar).

Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias

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