Irmãs, padres e religiosos apoiam Lula e Haddad por um país de todas e todos

Para as lideranças de diferentes congregações de fé, as vitórias de Lula e Haddad nas eleições serão “a vitória do povo brasileiro” 

Ricardo Stuckert

Lula observa cruz que ganhou de presente enquanto irmã Rosa cumprimenta Janja (foto: Ricardo Stuckert)

Lula e Haddad receberam, nesta segunda-feira (17), em São Paulo, o apoio de centenas de padres, freiras e religiosos de diferentes congregações cristãs, incluindo frei Galvão e padre Júlio Lancellotti, que disseram apoiá-los por desejar que o Brasil seja um país de todos e todas.

“Presidente Lula, acreditamos no seu projeto para o país. Que seja um país de todos e todas, sobretudo dos empobrecidos. Estamos na luta por sua vitória em 30 de outubro porque entendemos que esta será a vitória do povo brasileiro”, disse, logo no início do encontro, o padre Paulo Adolfo, que coordenou o evento ao lado da irmã Neidiane.

O desejo de superação do ódio e da destruição que marcam o governo Bolsonaro estava presente em todos os discursos. Padre Dário, que por 10 anos viveu na Amazônia maranhense, denunciou o crime que o governo Bolsonaro tem cometido contra a floresta e os povos originários. Ele disse que, somente nos últimos 10 dias, sete lideranças indígenas morreram por defender seus territórios. 

E ressaltou que, após tomar posse, o atual presidente congelou 27 processos de reconhecimento de terras indígenas que estavam com a negociação avançada. “Obrigado por apostar nos povos originários, por exemplo, com o Ministério dos Povos Indígenas ou com o programa de governo que diz não à mineração na terra desses povos”, disse o religioso a Lula.

Irmã Rosa, que atua em Santo André (SP), afirmou que a democracia é frágil no país porque nunca foi plena. E pediu que Lula se empenhe na proteção das mulheres, da população negra e de todas as minorias.

“Sonhamos com um presidente que não permita a concretização dos ideais de autoritarismo, seja no governo, seja nos pequenos grupos. Ditadura nunca mais. (…) Sonhamos com um país que, caracterizado por mais de 50% da população de negros e negras, seja menos racista. Sonhamos ver as crianças negras andarem pelas ruas das cidades sem medo de serem atropeladas por causa da cor de sua pele”, disse, emocionada.

Agressão a padres

Lula, Alckmin e Haddad também discursaram, após a leitura de uma carta em que os religiosos declaram apoio às suas candidaturas e denunciam que “o uso de fake news, a instrumentalização da religião para fins eleitorais, os discursos de ódio e repletos de preconceito e a marginalização dos pobres foram os métodos dos que formaram a propaganda e elegeram o governo que hoje nos assombra”.

Lula lamentou que o Brasil, que sempre foi conhecido por ser uma nação alegre e pacífica, veja hoje parte da sociedade tomada pelo ódio, a ponto de padres serem agredidos por simplesmente pregarem contra a fome e as armas.

“Nós queremos paz e democracia. Eu digo todo dia que o povo pobre não quer muita coisa. As pessoas querem morar, trabalhar, comer, estudar, ter acesso à cultura, um dinheirinho para visitar um parente. Tudo isso está na Constituição, está na Bíblia e está na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Então, não estamos fazendo nada ilegal quando começamos a garantir isso”, afirmou Lula.

O ex-presidente lembrou a experiência das conferências nacionais, que serviram de base para as políticas que implementou no primeiro governo, e garantiu que, em seu novo mandato, o povo será, mais uma vez, chamado a decidir os rumos do país. 

“Só tem sentido eu estar nesta disputa se a gente tiver como obrigação que o povo decida as políticas que a gente vai colocar em prática. Se não, a gente não muda nada”, disse.

Respeito e tolerância

Vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB) lembrou de uma importante lição de São Mateus: a de que os falso profetas são reconhecidos por seus maus frutos. E ressaltou que a mensagem bíblica é “amai-vos uns aos outros” e não armai-vos uns aos outros.

Já o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, conclamou a sociedade brasileira a recusar o uso da religião com instrumento de divisão do país.

“Quando vejo um brasileiro agredindo outra religião, me dói a alma. Aqui, judeus e cristãos se casam, coisa inimaginável no Oriente Médio. Aqui, encontramos paz, respeito, solidariedade e tolerância. Não podemos permitir que uma pessoa insana introduza no Brasil uma coisa estranha à nossa cultura, que não pode prosperar no nosso país. Temos que cultivar a crença de que todos somos livres para buscar a verdade que se encontra em cada um de nós”, defendeu.

Da Redação

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