‘Isso não significa nada’, critica Lula sobre avaliação da S&P

Ex-presidente acredita que o sistema de classificação adotado pelas agência de classificação de risco em relação ao Brasil não é o mesmo utilizado para “países quebrados da Europa”

Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira (10) a classificação feita pela agência Standard & Poor’s (S&P), que rebaixou o grau de investimento do Brasil. O petista condenou os critérios empregados para a avaliação do Brasil e acredita que  não são os mesmos utilizados para “países quebrados da Europa”.

“Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer. Eu fico pensando: é engraçado, como é que eles têm facilidade para tomar medidas quando a dor de barriga é na América Latina. Ou seja, todo mundo sabe quantos países da Europa estão quebrados e eles não têm coragem de diminuir o ‘investment grade’ de nenhum país”, disse.

As declarações do ex-presidente foram dadas na Argentina durante o 3ª Congresso Internacional de Responsabilidade Social. Lula participou do seminário em Buenos Aires e fez uma comparação metafórica de dois trabalhadores a respeito do que é o “investment grade” e ressaltou os avanços que o Brasil conquistou sem necessariamente precisar da análise da S&P.

“Um homem comportado que cuida da família, paga o aluguel e não tem vícios. Esse é o investment grade. O outro recebe o dinheiro, torra tudo em mesa de jogo ou bebe demais e está quebrado. Então, era assim que era o Brasil. O Brasil estava quebrado, não tinha credibilidade. Todo mundo lembra quanta faixa tinha aqui, da dívida externa. Cada vez que ia em um lugar era: Fora FMI. Acabou isso. Acabou! “, disse Lula.

O ex-presidente ressaltou que a América do Sul não pode temer a crise.”Quando a gente está em crise não é hora de ficar desesperado, é hora de pensar no que não foi feito ainda. Se tomarmos atitudes erradas, corremos o risco de perder o que conquistamos”, afirmou.

Lula defendeu, ainda, maior união entre Brasil e Argentina. “Não existe hipótese para Brasil e Argentina crescerem se eles não forem cada vez mais parceiros. Se Brasil e Argentina derem certo, a América do Sul inteira vai dar certo”, disse.

Gestão do PT – O petista relembrou as conquistas do período em que foi presidente da república. “Fizemos com que a política social fosse um ato de responsabilidade do governo. Eu não tinha uma tese para governar, tinha um projeto: melhorar a vida dos mais humildes”, disse.

Em seu discurso, o ex-presidente ressaltou que o conjunto de políticas públicas adotadas em sua gestão “elevou o padrão de vida dos brasileiros”, e que foi necessário conhecer o Brasil para promover igualdade social.

“Quando ganhei a eleição, coloquei os ministros num avião para irmos aos lugares pobres do Brasil. Era importante saberem que não estavam governando só para as agências de rating. Era importante que soubessem que existia outro Brasil, que aparecia nas estatísticas sem rosto. Acho que foi uma das melhores coisas que fizemos”, analisou.

Lula defendeu oportunidades iguais  à todos os brasileiros e alertou que os problemas sociais que ainda existem no Brasil são consequências do passado histórico do país, mas que este cenário vai mudar.

” Acabou o tempo que o filho do pedreiro tinha que ser pedreiro. Queremos ter o direito de colocar a filha da empregada doméstica na mesma escola da filha da patroa. A obra não está acabada. Está apenas começando, pois não pudemos resolver os desmandos de 500 anos” disse Lula.

Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias

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