Itaú e Natura bancaram ONG de Marina
Instituto Democracia e Sustentabilidade foi utilizado para debater a agenda de gestão de Marina e promover sua aproximação com setores que antes ela abominava, como o agronegócio
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Em matéria publicada nesta terça-feira, o jornal O Globo informa que a maioria dos custos do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), criado por Marina Silva, foi bancado com recursos oriundos dos proprietários do Itaú e da Natura.
Segundo a reportagem, Neca Setubal e Guilherme Leal doaram R$ 6,8 milhões, em cotas idênticas de R$ 3,4 milhões, dos R$ 7 milhões arrecadados pela instituição desde 2010.
A entidade foi utilizada pela candidata para debater seu programa de governo e se aproximar de setores que antes abominava, como o agronegócio.
Leia a íntegra:
“Espaço de fomento do projeto que culminou na candidatura de Marina Silva à Presidência, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) recebeu R$ 7 milhões em doações de pessoas físicas e jurídicas desde 2010. Os principais doadores para a ONG foram dois associados, o dono da Natura, Guilherme Leal, e a educadora e herdeira do banco Itaú, Maria Alice Setubal, a Neca, de acordo com informações da ex-secretária-executiva da entidade, Alexandra Reschke.
Ao GLOBO, Leal confirmou ter doado R$ 3,4 milhões à organização por meio do Instituto Arapyaú, criada por ele para canalizar sua atuação como empreendedor social. Neca também afirmou ter doado ao IDS, como pessoa física, mas preferiu não informar o valor. No entanto, segundo Reschke, os dois doaram “valores mais ou menos semelhantes” à entidade, e sempre foram considerados os principais provedores da iniciativa, do ponto de vista financeiro.
Doações de pessoas físicas à entidade somaram R$ 3,3 milhões no mesmo período. Segundo o atual presidente do IDS, João Paulo Capobianco, outros associados também fizeram doações, mas os valores não foram informados. Em 2013, uma fundação internacional doou R$ 201 mil à entidade. O nome não foi divulgado em função de cláusula de confidencialidade.
O IDS foi fundado por Marina e um grupo de colaboradores em São Paulo, em 2009, mas teve as atividades iniciadas em 2010, ano em que ela concorreu à Presidência pela primeira vez. Após a derrota, o esforço de Marina para aprofundar o debate sobre gestão e sustentabilidade passou a ser canalizado no instituto, apesar da desvinculação com partidos. Dos 37 associados do IDS, 35 colaboraram com o atual programa de governo de Marina, segundo o PSB.
Entre as duas eleições, a entidade promoveu encontros com aproximadamente 120 especialistas e representantes de diferentes setores em torno da agenda atualmente defendida por Marina. Estudos também foram elaborados. De acordo com Reschke, que esteve na entidade entre 2011 e 2013, a partir do fim de 2012 o foco mudou:
— Quando Marina decidiu criar um partido, houve alinhamento claro do IDS com o projeto e o plano de criar uma plataforma de governo — afirma.
Entre os associados do IDS estão fiéis colaboradores de Marina durante o período no Ministério do Meio Ambiente, como Bazileu Margarido, Pedro Ivo Batista e Tasso Azevedo. Estão também na lista executivos de confiança como Álvaro de Souza, ex-presidente do Citibank; Ricardo Young, do Instituto Ethos, e Oded Grajew, idealizador do Fórum Social Mundial, além de ambientalistas e indigenistas.
Para Capobianco, os debates promovidos no IDS beneficiaram outras pessoas além de Marina:
— Nunca foi espaço de discussão de uma candidatura. Se isso fosse verdade, não teríamos trazido gente de outros partidos (para debater) — afirma.
CONVERGÊNCIA DE IDEIAS – No entanto, para a ex-secretária-executiva, Alexandra Reschke, participantes de outros grupos políticos que estiveram nas rodas de conversa se sentiam parte da “possibilidade de construir uma nova forma de governar”.
A entidade sempre acreditou na política que pode ser feita com firmeza e competência — afirma.
Guilherme Leal admitiu que “ideias debatidas e consensuadas ali são convergentes com o ideário da Marina”, mas alegou não ver relação entre os projetos “em termos práticos”.
Atualmente integrante do Conselho Diretor do IDS, Neca Setubal já ocupou o cargo de presidente da organização. Além do IDS, ela doou para outra entidade ligada à candidata, o Instituto Marina Silva, sediado em Brasília. Em 2013, foram pelo menos R$ 1 milhão, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”. A educadora informou que contribuiu com 15 organizações da sociedade. Para ela, “não existe relação entre o IDS e o projeto político de Marina”.”
Da Redação da Agência PT de Notícias