José Genoino: “O Brasil está numa encruzilhada” 

Em entrevista ao Jornal PT Brasil, o ex-deputado e ex-presidente do PT diz que o país só retomará sua soberania se derrotar Bolsonaro e devolver ao Estado o controle sobre seus recursos naturais e energéticos

Alex Silva

Genoino: “O que está em jogo é a soberania, é a viabilidade do país”

Para o ex-deputado federal e ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoino, o Brasil está numa encruzilhada. Ou se livra de Jair Bolsonaro e retoma sua soberania ou acabará destruído em benefício de especuladores e oligarcas. 

“Se esse inominável continuar governando, o Brasil vai definhar. O Brasil vai virar uma plataforma exportadora de produtos primários e compradora de produtos industrializados. Vai haver um processo de dilaceramento social, evidentemente atendendo os interesses dos monopólios”, afirmou Genoino nesta segunda-feira (27), em entrevista ao Jornal PT Brasil (assista abaixo).

E a retomada da soberania passa necessariamente pelo controle dos recursos energéticos, observou Genoino, destacando a importância de se impedir a entrega do pré-sal, das linhas de transmissão, das bacias hidrográficas e usinas, da Petrobras e da Eletrobras. “O que está em jogo é a soberania, é a viabilidade do país. Nós vamos governar um país-colônia ou vamos governar um país soberano?”, questionou. 

Em seguida, definiu soberania: “O que é um país soberano? É um país que tem autonomia sobre seus recursos naturais, é um país que coloca como questão central a energia. País nenhum do mundo pode se desenvolver, pode ter políticas públicas, pode se relacionar com o resto do mundo se não tem o domínio sobre essa questão central que é a energia”.

Golpe de 2016

Genonino lembrou que um dos principais interesses dos articuladores do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff era justamente se apoderar das riquezas energéticas brasileiras. “Quando o pré-sal foi descoberto e regulamentado, Lula usou a seguinte expressão: é o passaporte para o futuro. Esse passaporte para o futuro está sendo queimado para garantir o lucro dos bancos, dos monopólios, das petroleiras”, denunciou. 

Prova disso, é que, no auge da preparação do impeachment fraudulento, o então senador José Serra apresentou um projeto alterando a Lei da Partilha, num primeiro passo para que grupos econômicos privados e estrangeiros pudessem se apossar do pré-sal. E, agora, às vésperas das eleições, o governo Bolsonaro tenta entregar não só o pré-sal como todo o sistema de energia nacional.

“Um país como o nosso não pode se desenvolver, não pode produzir políticas públicas, se ele não tem o controle sobre uma das principais riquezas que é a energia. Estou me referindo ao pré-sal, à Petrobras, à Eletrobras, à quantidade de bacias hidrográficas do país e à quantidade de redes de transmissão. Portanto, isso é crime de lesa-pátria”, acusou. 

E, para o ex-deputado, o Brasil não pode permitir que esse crime ocorra. “Nós temos que dizer, claramente, que, seja através de medida provisória, seja através de plebiscito, seja através de medidas legislativas, nós temos que revogar esse processo de privatização do pré-sal, rever e restabelecer o projeto da partilha e rever a privatização da Eletrobras.”

Necessário à reconstrução

Sem isso, avalia Genoino, um novo governo terá muito pouco a fazer. “O pré-sal equilibra três questões essenciais para o futuro do país, que são a soberania nacional, o papel do Estado como indutor e planejador, e a formulação de políticas públicas, principalmente na educação, ciência e tecnologia e saúde”, disse.

“Como vamos combater a fome, que atinge 33 milhões de brasileiros, se não recuperarmos o papel do Estado para promover cidadania?”, indagou, destacando a importância também de se revogar o Teto de Gastos.

“Nós vamos ter que conter isso, barrar e reconstruir um projeto nacional, democrático, popular e antineoliberal. Isso é uma luta, um enfrentamento. Não vamos fazer isso sozinhos. Temos de fazer isso com o voto e com a rua, com mobilização popular, com os movimentos, sindicatos, partidos de esquerda, intelectualidade, educadores, profissionais de saúde”, defendeu.

Da Redação

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