Legislação do Carf precisa ser alterada, defendem petistas

CPI do Carf apura denúncias da Operação Zelotes, que já confirmou R$ 6 bilhões em sonegação de impostos

Foto: Polícia Federal Brasília

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado, que investiga irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda, parlamentares petistas defenderam a revisão das legislações sobre o tema. Os julgamentos de sonegação fiscal passam por diversas etapas até serem concluídos e podem durar até 23 anos.

“O melhor meio de resolver esse problema é com uma nova legislação que possa pensar em arbitragem e não num jeitinho para melhorar para o sonegador. Precisamos saber o que podemos fazer para fechar as portas dos sonegadores”, explicou o senador José Pimentel (PT-CE) durante a CPI.

Com a função de atuar como um tribunal para os contribuintes, sejam empresas ou pessoas físicas, o Carf pode questionar cobranças da Receita Federal antes de recorrer à Justiça comum. Esse processo pode tramitar por até oito anos e, caso fique decidido que o contribuinte não será punido, a União não pode recorrer.

Porém, se o julgado for derrotado, ele pode apelar ao Poder Judiciário, onde os processos duram até 15 anos. Ou seja, após ser autuado por sonegação fiscal, o processo de um contribuinte pode levar até 23 anos.

De acordo com o procurador da República Frederico Paiva, o Carf é uma instituição burocrática ineficiente e pouco transparente, onde metade do conselho é formado por advogados indicados pelos contribuintes.

“Esse sistema copia o que há de pior no Judiciário. A manutenção dele só interessa aos beneficiados, que são as forças que reforçam esse Estado patrimonialista que vigora há 500 anos”, afirmou.

Ao ser questionado pelo vice-presidente da comissão, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO), sobre qual seria o modelo ideal a ser adotado no País, o procurador citou o sistema em vigor no Japão, onde atuam servidores de carreira, da área tributária, e os processos são julgados em um ano, em média.

Sobre as mudanças, o presidente do Carf, Carlos Barreto, afirmou que o Ministério da Fazenda tem orientado uma reestruturação do conselho para que essas ações tenham maior segurança jurídica.

“Está sendo implementado um serviço de auditoria e análise de risco no colegiado. Pretendemos sortear de forma eletrônica os casos para os conselheiros analisarem e a digitalização completa dos processos, que vem ocorrendo desde 2010. Até junho deste ano devemos ter todos os processos digitalizados”, afirmou.

Operação Zelotes – A CPI investiga a Operação Zelotes, da Polícia Federal, que analisa a denúncia de que empresas, escritórios de advocacia e de contabilidade, servidores públicos e conselheiros do Carf teriam criado um esquema de manipulação de julgamentos decobranças fiscais, propiciando a redução de multas de sonegadores de impostos.

As investigações comprovaram prejuízos de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, mas auditores afirmam que a fraude possa ultrapassar os R$ 19 bilhões.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do PT no Senado

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