“Liberais não gostam do povo”, afirma Pochmann
Para o professor da Unicamp e ex-presidente do Ipea, a agenda que os tucanos querem aplicar no Brasil, em caso de golpe, é contra os trabalhadores e representa o desmonte do Estado brasileiro
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Os liberais não gostam da população mais pobre e defendem políticas contra os trabalhadores. Esta é a opinião do professor do Instituto de Economia da Unicamp, Marcio Pochmann.
Para o economista e ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a agenda que os tucanos querem aplicar no Brasil, em caso de golpe, representa o desmonte do Estado brasileiro.
“É o retorno a um País voltado para apenas dois quintos da população”, disse Pochmann em entrevista publicada nesta terça-feira (22) no “Portal Vermelho”.
Na última semana, economistas ligados ao PSDB escancararam os interesses por trás da tentativa de interromper o mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Os tucanos aproveitaram o cenário de crise para ressuscitar velhas teses, que de tão impopulares, vinham sendo mascaradas nas últimas campanhas eleitorais.
“Os liberais não gostam, infelizmente, do povo – sobretudo da população mais pobre. Acreditam que o povo não cabe no país, que os pobres têm que ficar de fora. Portanto, defendem políticas antipopulação, contra os trabalhadores”, afirmou Pochmann.
Privatizações, fim da política de valorização do salário mínimo, revisão da estabilidade para funcionários públicos, mudanças na legislação trabalhista e fim de todas as vinculações constitucionais obrigatórias. Estas são algumas das medidas defendidas por personagens como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e a ex-diretora do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso, Eliane Landau.
Essas medidas, avaliou Pochmann, “fazem parte do mesmo receituário, que vem desde o final dos anos 1980, e parte delas já foi, inclusive, encaminhada”, durante os governos do PSDB.
“Depois de 2002, essa agenda, de certa maneira, não foi aprovada pelas urnas, embora continue a haver uma campanha importante nos meios de comunicação, com críticas referentes ao Estado, buscando encontrar viabilidade para o retorno dessa pauta”, ressaltou o economista.
De acordo com ele, no quadro atual de crise econômica e enfraquecimento do governo, a direita encoraja o retorno desse discurso derrotado nas últimas quatro eleições.
Os liberais têm um “compromisso de fé”, segundo o professor do Instituto de Economia da Unicamp, em acreditar que o Estado brasileiro segue sendo o problema do País. “Mas a experiência que se acumulou, de 2002 para cá, mostra que o Estado não foi problema, pelo contrário, tem sido a solução”, destacou.
“Vemos sinais de que é possível, através de políticas públicas sobretudo, enfrentar os problemas que o Brasil acumulou historicamente, como desigualdade, desemprego, a questão da inclusão social”, defendeu o e ex-presidente do Ipea.
Leia aqui a entrevista completa com Marcio Pochmann.
Da Redação da Agência PT, com informações do “Portal Vermelho”