Líderes empresariais cobram entendimento político e refutam alarmismo em relação à economia

Em diversas declarações à imprensa, economistas e empresários reforçam o reflexo da crise internacional no cenário brasileiro e ressaltam importância de entendimento para estabilidade econômica

Ao longo das últimas semanas, enquanto a escalada golpista comandada pelo PSDB buscava ganhar corpo para incentivar a participação nos atos do próximo domingo (16), líderes empresariais de vários setores têm clamado pela superação das querelas políticas que podem agravar a situação econômica.

Na semana passada, em entrevista ao jornal “O Globo”, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, lamentou o que chama de “dissenso” entre Executivo e Parlamento. Além disso, ele reafirmou sua confiança na recuperação do crescimento da economia brasileira.

“Se em 2015 fizéssemos tudo o que deveria ser feito, se aprofundaria o ajuste no primeiro semestre de 2016 e se teria outro respiro. Mas há o chamado dissenso entre os órgãos do governo e o Legislativo, que parece retardar um pouco esse processo. Agora, a sua retomada é inevitável. Uma pesquisa da KPMG desta semana, sobre o humor dos investidores, mostra que o Brasil está entre os três países de preferência, porque os bônus que oferece são concretos para um mundo que está atrás de taxas de retorno. Então, o capital que está investido aqui pode dar um retorno maior e mais seguro que em outros países. Mas precisamos botar isso para funcionar”, declarou Trabuco.

Para o jornal “Folha de São Paulo”, também na última semana, o executivo do Bradesco observou que “a crise política é mais forte que a econômica”. Para ele, essa situação “abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento”.

Já presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Jr., em evento no último sábado (8), pediu a união de lideranças nacionais em torno de um entendimento que leve à estabilidade econômica.

“A gravidade do momento exige a nossa mobilização, a nossa união e a nossa ação, e mais, a nossa influência junto aos nossos legítimos representantes para que nos representem no que queremos efetivamente, progresso e desenvolvimento. O Brasil e os brasileiros esperam, sinceramente, que nossas lideranças tenham a grandeza de se unir em um pacto nacional capaz de recolocar o país nos trilhos do crescimento econômico e de devolver aos brasileiros a estabilidade política que conquistamos com nosso suor”, defendeu Machado Jr.

Nesta quinta-feira (13), durante reunião do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o dono da Marcopolo, fabricante de ônibus, José Fernandes Martins, disse que é ‘idiotice’ comparar o Brasil com a Grécia. O empresário, que é também presidente da Fundação Bienal do Mercosul, reconheceu a crise econômica atual, mas tem certeza que até 2017 o País terá superado os problemas. “Não vou demitir ninguém e estou abrindo fábrica”, resumiu Martins.

Crise externa – Entre os analistas, Luiz Guilherme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), entidade fundada em 1951 por Roberto Campos e outros intelectuais liberais, afirmou que as causas da desaceleração da economia brasileira não se encontram nas políticas econômicas do governo Dilma Rousseff, mas na diminuição do crescimento da economia mundial.

Ao jornal “Valor Econômico”, Schymura diclarou ter “esperança numa intermediação da classe política”, que seria “fundamental” para organizar as demandas.

“O baixo crescimento tem a ver com a crise externa. A China diminuiu o crescimento. Começou a haver uma demanda menor por commodities e tivemos um ponto de inflexão em 2011, que é quando a economia brasileira começou a crescer menos”, pontuou o economista.

Schymura também disse discordar da ideia de que os governos petistas aumentaram irresponsavelmente os gastos públicos e critica a mentalidade da elite brasileira.

“O grosso do crescimento do gasto público está na parte social. O problema, aqui no Brasil, é a postura das pessoas. As pessoas que se aposentam com pouco mais de 50 anos, no máximo da força produtiva; o aposentado de 80 anos que se casa com uma mulher nova para transferir a pensão. O problema não é a pessoa fazer isso. O problema é todos aprovarem e acharem que têm que fazer. Essa postura das pessoas é mortal para as contas públicas, o crescimento econômico e a eficiência da alocação dos recursos. Um conhecido meu do mercado financeiro sempre me diz que o governo tinha que cortar gastos. Mas eu sei que a mulher dele, que trabalhava numa estatal, entrou num PDV, recebeu R$ 300 mil e se aposentou. Eu disse a ele: ‘Nos EUA, país que você tanto admira, sabe como funciona? Ela teria sido demitida’. Aí, tem gente que vira para mim e diz: ‘Mas esta é a regra do jogo’. Eu retruco: ‘Ah, então, foi Deus que escreveu essa regra?’. O problema é que, no Brasil, a elite não aceita a democracia que está vindo e que coloca em risco o bem-estar dela”, arrematou o diretor do Ibre.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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