Lindbergh: “Bolsonaro está desesperado para escapar da prisão”
Em entrevista a Monica Bergamo, líder do PT na Câmara denuncia ligação de Bolsonaro com “facção de extrema-direita” e alerta sobre riscos de influência das big techs
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Em uma entrevista à jornalista Monica Bergamo, publicada neste domingo (16) na Folha de S. Paulo, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), traçou um panorama crítico das ameaças que, segundo ele, Jair Bolsonaro representa à democracia brasileira. O depurado argumenta que não há contradição em sua posição pró-Lula Livre no passado e seu apoio atual à responsabilização legal de Bolsonaro. Para o deputado, “se não há punição para quem deu golpe, fez ditadura, tentou destruir as instituições democráticas, tudo vai se repetir”.
Central à sua argumentação está a associação de Bolsonaro com uma “facção de extrema-direita incrustada entre os militares”, raízes que ele localiza historicamente na figura de Silvio Frota, o ex-comandante do Exército que, nos anos 1970, buscou frustrar a abertura política promovida por Ernesto Geisel. Lindbergh recorda que essa era “a turma dos porões, do terror”, que agora conspiraria novamente, com planos até mesmo para “matar o Lula, matar o Alexandre de Moraes”, conforme revelaram as denúncias da Procuradoria-Geral da República.
O deputado também não poupa críticas às tentativas de anistia capitaneadas por apoiadores de Bolsonaro. Segundo Lindbergh, trata-se de iniciativas que refletem um desespero completo do ex-presidente para evitar a prisão. Para o líder, “Bolsonaro está desesperado para escapar da prisão, mas a anistia não passa de jeito nenhum”. Ele reforça que o objetivo da anistia “é livrar a cara do Bolsonaro”.
Lindbergh faz ainda um alerta sobre o papel potencialmente desestabilizador das big techs norte-americanas. Ele aponta para um novo tipo de imperialismo, onde essas corporações podem influenciar resultados eleitorais, algo que considera um perigo concreto para o governo Lula: “Talvez eles não precisem mais de intervenção armada. Mas você tem alguma dúvida de que, em um momento de turbulência, essas big techs podem tentar desestabilizar um governo popular como o do Lula? Eu não tenho a menor dúvida.”
“O Alexandre de Moraes tem muita coragem. Com todas as ameaças em cima dele, o ministro está ali. Sabe do papel que precisa ter”, conclui o deputado.
Da Redação, com Folha de S. Paulo