Lindbergh critica bolsonaristas por tentativa de obstrução: ‘Defendem Trump ou o Brasil?´
Aliados de Jair Bolsonaro tentam forçar a inclusão na agenda da Câmara de um projeto de lei que anistia os golpistas que conspiraram contra a democracia no país
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O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), criticou hoje (1º) a bancada de extrema direita do PL por tentar obstruir a pauta a fim de forçar a inclusão na agenda de um projeto de lei que anistia os golpistas que conspiraram contra a democracia no país.
“Não dá para paralisar os trabalhos da Câmara numa obstrução desesperada de um partido que tenta conter o que não pode ser contido, o julgamento no Supremo Tribunal Federal” de Bolsonaro e outros sete comparsas por tentativa de golpe de Estado. “Não há sentido em paralisar a pauta e votações importantes em cima de um projeto de anistia que, além de tudo, é inconstitucional”, frisou o líder do PT.
Interesses nacionais
Segundo o líder, a postura dos bolsonaristas contraria os interesses nacionais, num momento em que o país tem que se preparar para enfrentar as ameaças tarifárias contras exportações brasileiras feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ele lembrou que o Senado aprovou, nesta terça-feira, projeto que prevê medidas de resposta a barreiras comerciais impostas por outros países a produtos brasileiros, tema que Lindbergh defende ser apreciado já nesta quarta-feira pela Câmara.
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O deputado desafiou a oposição a defender obstrução diante de uma situação em que “todos os parlamentos do mundo estarão à espera do pronunciamento do Trump sobre tarifas que os EUA vão impor a todos os países do mundo. E todo o poder legislativo deve estar atento para construir formas de defender os interesses nacionais”, recomendou o líder do PT.
EUA ou Brasil?
O líder petista disse que “vai ser bonito” ver o comportamento dos bolsonaristas diante de uma situação em que o interesse nacional pode ser comprometido, a depender do anúncio de Trump. Segundo ele, o projeto de aplicação de sanções recíprocas, aprovado pelo Senado, é de interesse do setor produtivo nacional, em especial o agronegócio e a indústria.
“Eu quero saber se vai valer mais aquele boné do Trump – Faça a América Grande Novamente — ou os interesses nacionais, do agro e do setor industrial brasileiro”, provocou Lindbergh Farias.
A despeito do movimento bolsonarista, a Câmara aprovou, por 317 votos contra 92, a Medida Provisória 1268/24, que libera crédito de R$ 938,4 milhões para sete ministérios. A MP será enviada ao Senado, onde tem que ser votada ainda hoje para ser transformada em lei. O auxílio para pescadores profissionais artesanais, beneficiários do Seguro Defeso, abrange o maior montante liberado: R$ 418,4 milhões. O pagamento será feito a pescadores da região Norte atingidos pela seca prolongada.
Golpe de 1964
Lindbergh também lembrou que neste 1º de abril completaram-se 61 anos do Golpe Militar de 1964. “Foi uma famigerada ditadura militar que abafou a democracia brasileira, que massacrou, prendeu, torturou muita gente”. Ele chamou a atenção para o fato de que o passado se mistura hoje com o presente, pois apesar de 40 anos de redemocratização, ainda hoje há golpistas, como Bolsonaro e seus comparsas, que conspiram contra a democracia.
Ele recordou que mais de 430 opositores foram mortos pelo governo militar que governou o Brasil ditatorialmente entre 1964 e 85. Entre os assassinados, o ex-deputado Rubens Paiva (1971) e o jornalista Vladimir Herzog (1975), ambos mortos em instalações militares do Exército.
“Mas ninguém foi preso, ninguém foi julgado”, denunciou Lindbergh. Por isso, defendeu punição exemplar aos golpistas, para que a impunidade não alimente de novo movimentos contra a democracia. Ele lembrou que Bolsonaro sempre fez parte da extrema direita militar, que promoveu, entre 1978 e 1987, 70 atentados a bomba no país, em protesto contra o processo de redemocratização que estava em curso.
Lindbergh mostrou que Bolsonaro é tão torpe que a partir de 29 de outubro de 2022, quando perdeu a eleição para o presidente Lula, acelerou planos para realizar um golpe de Estado, inclusive com o assassinato do presidente eleito, do vice Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal. “O partido de Bolsonaro sempre foi um partido de extrema direita, com pêndulos e ações terroristas. Essa é a história deles”, disse o parlamentar.
Do PT na Câmara