Lula: a defesa da Petrobras deve ser uma briga de todos os brasileiros

No Rio de Janeiro, Lula defendeu a criação de um movimento que explique à população como a defesa da Petrobras está relacionada com a vida de todos e é fundamental para o futuro do Brasil

Ricardo Stuckert

No encontro, Lula defendeu que "petróleo deve ser nosso de verdade"

Durante encontro com petroleiros, nesta terça-feira (29), no Rio de Janeiro, Lula convocou todos aqueles que sabem o valor e a importância da Petrobras para o futuro do Brasil a se empenharem em uma campanha de esclarecimento à população brasileira sobre a empresa. 

Segundo o ex-presidente, assim que souberem o que significa o desmonte que o governo de Jair Bolsonaro está fazendo na empresa, os brasileiros ficarão indignados. Hoje, porém, uma grande parte da sociedade ainda acredita na narrativa contada pela Lava Jato, que tinha o objetivo apenas de entregar o petróleo brasileiro às empresas estrangeiras. 

“O que fizeram com a Petrobras foi crucificar a mais importante empresa que tínhamos no Brasil. E, hoje, toda vez que vão falar da Petrobras, eles falam que tinha muito roubo, que tudo aconteceu por causa do roubo na Petrobras. É engraçado, porque foi nesse governo, que dizem que roubava a Petrobras, que fizeram a mais importante capitalização da Petrobras, a mais importante descoberta de petróleo da Petrobras e a mais importante regulação para que a Petrobras fosse efetivamente do povo brasileiro”, disse Lula.

O desafio, observou Lula, é combater essa narrativa. “A gente não consegue convencer as pessoas de que o petróleo é nosso de verdade. E, quando o petróleo é nosso, a gasolina é mais barata, o óleo diesel é mais barato, o gás é mais barato”, ressaltou. “Nós precisamos, e acho que há tempo, de fazermos um movimento nacional para criar uma indignação na sociedade brasileira”, defendeu.

Uma luta de todos

Na avaliação do ex-presidente, os brasileiros precisam entender que só mantendo a Petrobras e o petróleo na mão do Estado brasileiro que o país terá condições de garantir acesso da população a combustíveis e gás a um preço justo, como ocorria em seu governo, que manteve o litro da gasolina a R$ 2,50 mesmo quando o preço do barril de petróleo passou dos US$ 140.  

“A Petrobras tem que se transformar em uma briga nacional. Hoje, para defender a Petrobras, é preciso construir o discurso para que a pessoa que está cozinhando com lenha na calçada, porque não tem gás, perceba que essa briga é dela. Aquele cara que tem um carrinho que ele não pode mais colocar gasolina no tanque, ele tem que saber que essa luta é dele. O caminhoneiro que não pode mais encher o tanque de óleo diesel, ele tem que saber que essa luta é dele”, enfatizou Lula (assista no vídeo a seguir a fala de Lula).

O que é soberania

Para Lula, as eleições serão uma oportunidade de mostrar para os brasileiros o que é soberania nacional e por que se desfazer da Petrobras não é uma forma de combate à corrupção, mas sim um ataque à soberania do Brasil.

“O povo tem que aprender o que é soberania. Eu quero soberania dentro deste país como qualquer brasileiro quer soberania dentro da sua casa. Na casa dele, ele é soberano, ele que decide. E nós queremos isso para o Brasil, porque o Brasil é nossa casa”, explicou o ex-presidente.

E o momento de fazer isso é agora, quando a farsa da Lava Jato caiu por terra na Justiça. “Agora que está ficando provado quem é quem na história do país, quem é que está roubando a Petrobras, de quem é o interesse de destruir a Petrobras, nós temos de fazer a nossa tarefa.”

Um lobista no comando da Petrobras

Só assim, argumentou Lula, o povo deixará de aceitar as mentiras de Bolsonaro sobre os preços do combustível e que entreguistas do patrimônio e do futuro do Brasil sejam colocados na direção da empresa, como vem fazendo o ex-capitão. “O que li de notícia sobre o cara que assumiu hoje a Petrobras (Adriano Pires) é que ele é lobista. E muito mais ligado a empresas estrangeiras do que às nossas. De que faz parte de um grupo seleto de personalidades brasileiras que não aceita que o petróleo é nosso.” 

Ao falar antes de Lula, tanto a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), quanto o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), alertaram sobre a raposa que Bolsonaro colocou para presidir a Petrobras. “É um lobista de petroleira, representante de petroleiras estrangeiras”, definiu Lindbergh.

“Bolsonaro faz a troca do presidente não para resolver o problema dos preços”, alertou Gleisi. “Pelo perfil de quem entrou, dá para ver que agora vai ser negócio sem intermediário, ou seja, já está na mão do mercado mesmo. E isso é muito preocupante. A Petrobras é a grande empresa brasileira, criada na década de 1950 com o objetivo não só de explorar o petróleo, mas ser um instrumento do desenvolvimento do Brasil. Infelizmente, hoje está cumprindo um papel de agressão ao povo e à economia”, completou. 

A presidenta do PT disse ser injustificável a política de preços adotada pela Petrobras atualmente. “Na realidade, é um roubo ao povo brasileiro. A Petrobras está sendo expropriada, o povo brasileiro está sendo expropriado. Não tem justificativa essa política.” 

Lucro deve ser repartido com brasileiros

O presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, reforçou o que disse Gleisi. “Hoje, o problema do preço dos combustíveis não é o ICMS, não é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas sim a política de preços que temos na Petrobras desde outubro de 2016, implementada pelo Temer e mantida por Bolsonaro, que sangra a nossa população”, apontou.

Entre os especialistas presentes, a unanimidade é a de que a Petrobras tem sido usada apenas para aumentar os lucros que são repassados para os acionistas às custas do alto preço cobrado da população brasileira. Algo, que, segundo o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), também presente no encontro, precisa acabar: “A Petrobras não pode ser extraordinária para seus acionistas e abrir mão do interesse popular, do interesse de seu povo Esse é o debate central”.

Da Redação

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