Lula ao ‘The Guardian’: Bolsonaro leva o Brasil para o ‘matadouro’

Em entrevista apaixonada, segundo o jornal inglês, Lula disse que em um momento de crise, o Brasil precisa de um líder capaz de unir seus cidadãos. “A verdade é que Bolsonaro não tem equilíbrio psicológico para liderar um país. Ele não pensa no impacto que seus atos destrutivos têm na sociedade. Ele é imprudente”, alertou o petista

André Lucas/The Guardian

Lula concede entrevista ao jornal inglês The Guardian, em sua casa em São Bernardo do Campo

Em entrevista ao The Guardian, publicada nesta sexta-feira (16), o ex-presidente Lula advertiu o mundo que o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está levando os brasileiros “para o matadouro” com sua criminosa atuação no combate ao coronavírus. “Infelizmente, temo que o Brasil sofra muito por causa da imprudência de Bolsonaro. Receio que, se isso crescer, o Brasil poderá ver alguns casos como aquelas imagens horríveis e monstruosas que vimos em Guayaquil”, disse Lula ao jornal inglês.

Na entrevista, registra o diário, Lula disse que, ao minar o distanciamento social e demitir o próprio ministro da Saúde, o líder “troglodita” do Brasil arrisca repetir as cenas devastadoras que acontecem no Equador, onde famílias tiveram que despejar cadáveres de seus entes queridos nas ruas.

“Não podemos apenas querer derrubar um presidente porque não gostamos dele”, admitiu Lula. “[Mas] se Bolsonaro continuar cometendo crimes de responsabilidade … [e] tentando levar a sociedade ao matadouro – que é o que ele está fazendo – acho que as instituições precisarão encontrar uma maneira de classificar Bolsonaro. E isso significa que você precisará ter um impeachment”.

O jornal define Bolsonaro como um ex-capitão do exército orgulhosamente homofóbico já desprezado por brasileiros progressistas por sua hostilidade ao meio ambiente, direitos indígenas e às artes, bem como seus supostos vínculos com a máfia do Rio – alienou milhões a mais com sua postura de desprezo ao coronavírus, que ele menospreza como “histeria” da mídia e “um resfriadinho”.

De acordo com o Guardian, desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a doença como pandemia, em 11 de março, o presidente do Brasil repetidamente torce o nariz para o distanciamento social, primeiro incentivando e participando de protestos pró-Bolsonaro e depois com uma série de visitas provocativas a padarias, supermercados e farmácias. Durante um passeio desnecessário, Bolsonaro declarou: “Ninguém impedirá meu direito de ir e vir”.

 

Bolsonaro troglodita

Na entrevista por videochamada de São Bernardo do Campo, Lula classificou Bolsonaro como um “troglodita”. “É natural que uma parte da sociedade não entenda a necessidade de ficar em casa ou o quão sério isso é – especialmente quando o presidente da República é um troglodita que diz que é apenas uma gripezinha”,

“A verdade é que Bolsonaro não tem equilíbrio psicológico para liderar um país. Ele não pensa no impacto que seus atos destrutivos têm na sociedade. Ele é imprudente”, insiste. “Bolsonaro só está interessado em si mesmo, em seus filhos, em alguns generais bastante conservadores e em seus amigos milicianos”, afirmou, referindo-se a alegações de longa data sobre os laços familiares do presidente brasileiro com a máfia do Rio de Janeiro.

“Um presidente deve ser como o maestro de uma orquestra”, disse ele. “O problema é que nosso maestro não sabe nada sobre música, não consegue ler uma partitura e nem sabe como as batutas funcionam”, disse Lula ao jornal. “Ele não fala com a sociedade. Bolsonaro não tem ouvidos para ouvir. Ele só abre a boca para falar bobagem”, pontuou Lula.

O Guardian lembra que Lula, que foi afastado da eleição de 2018 após ser preso por acusações de corrupção, sinalizou que ele não seria o candidato da esquerda nessa disputa. “Perdi meus direitos políticos, então não estou falando de mim mesmo”, disse Lula, que foi libertado em novembro de 2019 após 580 dias de prisão, em decisão do Supremo Triubunal Federal (STF).

 

Brasil vai mudar

“Mas vou lhe dizer uma coisa, você pode ter certeza de que a esquerda estará governando o Brasil novamente depois de 2022. Não precisamos conversar sobre quem é o candidato agora. Mas votaremos em alguém comprometido com os direitos humanos e que os respeite, que respeite a proteção ambiental, que respeite a Amazônia… que respeite os negros e os indígenas. Vamos eleger alguém comprometido com os pobres deste país”, garantiu.

Lula disse ter certeza de uma coisa: que em um momento de crise nacional, o Brasil precisava de um líder capaz de unir seus 211 milhões de cidadãos.

“Ele está tentando tocar música clássica com os instrumentos que você usa para tocar samba. Ele transformou sua orquestra em loucura – uma torre de Babel”, observou Lula. “Ele não sabe o que está fazendo no palácio presidencial… nem mesmo Trump o leva a sério”.

Da Redação, com informações de The Guardian

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