Lula defende espaço para a carne brasileira no mercado japonês

Em visita oficial ao Brasil, primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, foi recebido pelo presidente Lula, no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (3). Países assinaram acordos de cooperação bilateral em setores sensíveis

Ricardo Stuckert

Presidente Lula e o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida

O presidente Lula recebeu, nesta sexta-feira (3), o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, no Palácio do Planalto. A visita oficial do governante japonês serviu à assinatura de protocolos de cooperação e ao fomento do comércio bilateral. Lula aproveitou o encontro para abrir novos mercados no país asiático. Em discurso, defendeu espaço, especialmente, à carne brasileira.

“Por favor, leve o primeiro-ministro Fumio para comer um churrasco no melhor restaurante de São Paulo. Para que, na semana seguinte, ele comece a importar a nossa carne, para poder gerar mais desenvolvimento”, brincou Lula, conclamando o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB-SP), presente à cerimônia, a expor a Kishida a qualidade da carne brasileira.

“A nossa carne é de qualidade e é mais barata do que a carne que vocês compram. Eu nem sei o preço, mas tenho certeza que a nossa é mais barata. E qualidade extrema. Esse ministro da Agricultura faz um churrasco, que se o primeiro-ministro comesse, não ia querer voltar para o Japão”, acrescentou o presidente, arrancando risadas da comitiva do governo japonês.

Brincadeiras à parte, Lula lembrou a Kishida e aos empresários do Japão que o Brasil é um lugar seguro para se investir e que o governo federal preza pela previsibilidade. “Nós queremos nos transformar num país altamente desenvolvido. Nós queremos estar entre as seis economias do mundo. Nós temos estabilidade jurídica. Nós temos estabilidade fiscal. Nós temos estabilidade econômica. Nós temos estabilidade social”, defendeu.

“Agora, orgulhosamente, primeiro-ministro, nós somos um país do Sul Global”, acrescentou o presidente.

Mundo multipolar

A visita do primeiro-ministro ao Brasil tem por objetivo ampliar os investimentos japoneses no país, além de estabelecer cooperações em setores sensíveis, como o de tecnologia limpa. Foram assinados acordos bilaterais nas áreas de agricultura sustentável, de recuperação de solos, de segurança cibernética e de comércio exterior.

Na coletiva à imprensa, Kishida ressaltou a posição do Brasil como liderança ambiental e falou das maiores economias trabalharem conjuntamente pela restruturação dos dispositivos de governança global, que já não mais correspondem ao real equilíbrio de poderes no mundo multipolar.

“Em relação à reforma do Conselho de Segurança, confirmamos que os países do G4 vão trabalhar em conjunto para tomar medidas concretas tendo em vista a Cúpula do Futuro, a ser realizada em setembro, e o aniversário de 80 anos da fundação da ONU, no próximo ano”, detalhou.

Rio Grande do Sul

Em reunião com Lula, antes da coletiva de imprensa, o governante japonês manifestou solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul, que vem sofrendo com as chuvas sem precedentes. O presidente lembrou que o Brasil é o lugar onde há mais imigrantes japoneses no mundo e que muitos deles se tornaram gaúchos.

“As primeiras palavras do ministro Fumio Kishida, na reunião que fizemos, foi de solidariedade ao povo do estado do Rio Grande do Sul, que está sendo vítima de uma das maiores enchentes que nós temos conhecimento. Nunca antes na história do Brasil, tinha havido uma quantidade de chuva num único local”, afirmou Lula.

Da Redação

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