Lula exalta união das centrais sindicais: “O país precisa da classe trabalhadora”

Ao discursar em congresso da Força Sindical, Lula avisa aos trabalhadores do país: “Nós estamos numa encalacrada e somos nós que vamos ter de resolver. Vai depender de nós” 

Ricardo Stuckert

Lula, entre o novo presidente da Forca Sindical, Miguel Torres, e o deputado federal Paulinho da Força

No Congresso que elegeu Miguel Torres novo presidente da Força Sindical e consolidou a união das centrais sindicais pelo fim do governo de Jair Bolsonaro e a favor de sua candidatura em 2022, Lula convocou a classe trabalhadora para lutar por seus direitos e criar, junta, um projeto de reconstrução do país. “Este país precisa de novo da classe trabalhadora”, afirmou, ao encerrar o evento, realizado em São Paulo nesta quarta-feira (8).

“Nós estamos numa encalacrada e somos nós que vamos ter de resolver. Vai depender de nós. Não pensem que esse Paulo Guedes tem preocupação com vocês, não se iludam. O problema dele é atender o sistema financeiro, é dar mais facilidade para os banqueiros ganharem mais dinheiro”, disse Lula (assista abaixo). 

Segundo o ex-presidente, só com a união e a luta dos trabalhadores o Brasil voltará a crescer com justiça e soberania. E a tarefa não será fácil, uma vez que Bolsonaro e seu ministro da Economia acabaram com os empregos, a massa salarial, as empresas e a indústria do país, que já representou 30% do PIB nacional e hoje só representa 11%.

“Vamos ter de fazer mais do que fizemos. Vamos ter de enfrentar nossos adversários com muito mais força. A gente precisa lutar, resistir. A palavra resistir não pode sair da nossa boca, porque não podemos desistir. Será muito triste, daqui a dez anos, se, conversando com nossos filhos e netos, admitirmos que não resistimos quando podíamos”, conclamou.

Lula alertou, ainda, que a luta é incessante e urgente. Não se trata apenas da eleição de 2022, pois os ataques continuam. O ex-presidente lembrou que o governo quer inserir na legislação trabalhista o direito ao descanso no domingo apenas a cada dois meses e a proibição de que os trabalhadores por aplicativo sejam formalizados. “Eu não acreditei quando ouvi que isso está no projeto trabalhista que eles querem aprovar. Se a gente não levantar a cabeça e brigar agora, o Congresso vai aprovar isso”, alertou.

Centrais unidas

A anfitriã Força Sindical, que realizava seu 9º Congresso, chamou os líderes de outras centrais para discursar. E o que se viu foi uma união como poucas vezes se presenciou na história do movimento trabalhista brasileiro. 

“Precisamos construir uma ampla frente em defesa da democracia”, resumiu Adilson Araújo, presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). “O país está destruído e nós vamos ter que reconstruir este país. E vamos precisar de unidade”, completou Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O secretário geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, defendeu que as centrais se unam e construam um programa da classe trabalhadora e um projeto de desenvolvimento nacional. “Não podemos deixar um país rico como o Brasil, de um povo maravilhoso e riquezas profundas, ser entregue para o capital financeiro e para o rentismo. Não tenho dúvidas de que 2022 será de muita luta para colocarmos em marcha um projeto de pleno emprego, de investimento público, de empregos com direitos, para combater as desigualdades sociais e regionais”, pregou.

Já o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, lembrou da importância de ocupar as ruas. “É importante sair às ruas por uma mudança. Mudança que é para tirar as pessoas pobres da rua, colocar os excluídos no emprego, para não haver mais discriminação racial e contra as mulheres. Ou nós temos a capacidade de união para buscarmos o caminho de um país cidadão ou não temos vergonha na cara. Vamos para a rua mostrar nossa indignação.” 

Eleito o novo presidente da Força Sindical, Miguel Torres lembrou que, em todas as vezes que se uniram, os trabalhadores alcançaram conquistas importantes. “Foi graças à unidade das centrais sindicais que conseguimos levar para o Parlamento a necessidade da política do auxílio emergencial. O governo queria dar R$ 200, e foi o movimento sindical que conseguiu elevar para R$ 500, num primeiro momento, e o Congresso elevou para R$ 600”, recordou.

Torres, então, concluiu elencando o que imagina ser propostas que devem constar do plano de reconstrução do país: retorno da valorização do salário mínimo, um programa de renda básica, um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, com criação de empregos de qualidade; a correção da tabela do imposto de renda; um debate sobre a informalidade crescente e a situação dos trabalhadores por aplicativo; e a valorização da agricultura familiar.

Da Redação

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