Lula: Somos pai, mãe, irmão, tio e sobrinho da Transposição
Ex-presidente participou de grande festa junto com 100 mil pessoas em Monteiro (PB) para inauguração popular da Transposição do São Francisco
Publicado em
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, durante uma emocionante visita a Monteiro, no interior da Paraíba, neste domingo (19), que os brasileiros não desanimem. A cidade de cerca de 30 mil habitantes é uma das beneficiadas pela Transposição do Rio Francisco.
A visita do ex-presidente e da comitiva mudou o cenário da cidade do sertão nordestino. As estradas, hotéis e pousadas da região ficaram completamente lotadas.
Durante a fala para um público estimado em 100 mil pessoas, Lula disse ter orgulho de ter iniciado o projeto do “Velho Chico”.
“Tenho muito orgulho de ter tido a coragem de iniciar esse projeto. Se eles têm vergonha, nós não temos. Dilma e eu, nós temos orgulho de dizer: somos pai, mãe, irmão, primo, tio e sobrinho da Transposição das águas do São Francisco”, afirmou.
Apesar do sucesso das obras da Transposição, Lula reforçou que o problema da seca no Nordeste ainda não está resolvido. “O fato da água estar aqui não significa que o problema está resolvido, porque está cheio de gente morrendo de seca na beira do São Francisco e do açude. Agora é preciso levar para a adutora, tratar a água e levar para a torneira. Esse projeto tem compromisso com 290 comunidades para que a água possa chegar para ele plantar o mínimo necessário”.
No palco, ele voltou a defender o povo nordestino e relembrou os ataques que vem sofrendo ao longo dos últimos anos.
“Vocês sabem o que eles estão tentando fazer comigo. Eu só queria avisar pra eles, se eles quiserem brigar comigo, eles vão brigar comigo nas ruas desse País, para que o povo possa ser o senhor da razão nessa disputa. Eu estou a espera de um empresário me denunciar, que eles digam se tem um real na minha conta porque, se tiver, eu não preciso nem me defender”.
“Eu aprendi a andar de cabeça erguida, de pescoço esticado, venci os preconceitos. Se querem me prejudicar, criem vergonha e não prejudiquem 204 milhões de pessoas”, completou o ex-presidente.
Sobre uma possível candidatura à Presidência da República em 2018, Lula disse: “nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018”. E, em seguida, completou: “eu sei que o que eles querem é impedir que eu seja candidato. E tá muito longe para decidir candidato”.
No entanto, o ex-presidente enviou um recado para aqueles que tentam impedir uma possível candidatura. “Eles pedem a Deus para eu não ser candidato, porque se eu for é para ganhar as eleições. Não prejudiquem o povo brasileiro. Não prejudiquem a aposentadoria do povo, não mexam na legislação trabalhista”.
Ao final da fala para o povo sertanejo, Lula brincou e disse sair da região “frustrado”, pois não conseguiu mergulhar nas águas do rio São Francisco.
Lula começou a fala com um agradecimento e relembra a infância dura no sertão, quando a mãe o levou, juntamente com os irmãos, para São Paulo.
“Sair de onde saí, chegar onde cheguei e virar presidente do Brasil é só com a mão de Deus e a mão do povo brasileiro que isso pode acontecer”, ao lembrar os conselhos do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, que orientou Lula sobre a Transnordestina e a Transposição do São Francisco.
“Quando eu virei presidente, eu comecei a pensar por que não fazer a Transposição? Naquele tempo era difícil pensar isso. É verdade que Dom Pedro II disse que daria a última jóia da coroa para fazer a Transposição e não fez a Transposição. Depois dele, todos os presidentes até 2003 de alguma forma prometeram, e essa promessa não saiu do papel”, lembrou.
O ex-presidente, que estava acompanhado de diversos ex-governadores, ex-ministros, parlamentares e dirigentes do PT, como Rui Falcão, fez um agradecimento especial a algumas pessoas, entre elas Ciro Gomes, Dilma Rousseff e Jaques Wagner.
“Eu quero agradecer a essa companheira (Dilma) que, junto com Ciro e outros companheiros, resolveram colocar o pé no barro para dizer que iríamos fazer essa obra”.
Inclusão dos mais pobres
Como tema recorrente em seus discursos, Lula voltou a defender a inclusão dos mais pobres na economia, os programas de distribuição de renda e o acesso à educação. “Esse País teve um crescimento extraordinário e pela primeira vez esse povo pobre começou a ter esperança. Eu sabia que o povo do nordeste tinha que ter direito a uma coisa elementar, que o povo precisava de água limpa para se tratar”.
O ex-presidente também cobrou que o povo brasileiro não perca as esperanças e criticou as tentativas de desmontes promovidas pelo governo ilegítimo de Michel Temer, como as reformas da Previdência e das leis trabalhistas.
“Eu acho que a esperança é a coisa que mais mobiliza uma sociedade. Não é possível um homem ou uma mulher sobreviver se não tiver esperança”, disse.
“Esse governo que não deveria estar aí não tem noção do que significa a aposentadoria rural para o povo do Nordeste, não tem noção do que representa a pensar e a aposentadoria das mulheres pobres. Eu queria dar um conselho pra eles: que só tem uma solução para resolver o problema da Previdência. Ao invés de tentar cortar os benefíciosios do pobres, eles têm que saber que de 2004 a 2014 a Previdência e a Seguridade Social foram superavitárias”.
Sobre o caminho de sucesso para as contas da Previdência e da Seguridade Social, Lula deu o caminho: geração de empregos, aumento do salário mínimo e formalização das micro e pequenas empresas.
“Se quiser criar vergonha e resolver o problema da Previdência, só tem um jeito: gerar emprego e aumentar salário. Se eles não sabem fazer, pede um conselho que eu sei como é que faz”, explicou.
Da Redação da Agência PT de Notícias