Margarida Salomão: “Future-se é um falso remédio para um falso problema”
A deputada, coordenadora da Frente Parlamentar Em Defesa das Universidades Federais, afirmou que o “Future-se” é ” uma degradação conceitual”
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“O governo não é contra as universidades porque elas seriam “santuários da esquerda”, mas sim porque são santuários da inteligência. É lugar de liberdade, sem camisa de força para o debate, para a crítica”, afirmou a coordenadora da Frente Parlamentar Em Defesa das Universidades Federais, deputada Margarida Salomão (PT-MG), durante palestra sobre os impactos do programa Future-se, do governo federal, realizada na quarta-feira (21) na Universidade Federal de Alagoas.
A deputada rebateu os dados apresentados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, para justificar a criação do “Future-se”. Segundo o que foi divulgado pelo MEC, o programa prevê que as universidades passarão a ser financiadas por meio de um fundo suplementar, cuja viabilidade é questionada pela parlamentar. “De que esse fundo será constituído? Do vento que sopra no mar. Eles teriam que fazer e aprovar uma lei para criação desse fundo, sendo que metade dele teria como lastro os imóveis das universidades. Como instituir um fundo com lastro na riqueza imobiliária das universidades? Uma riqueza, em significativa parte, protegida como patrimônio histórico. Oras, quem vai querer comprar a Praia Vermelha, da UFRJ? A verdade é que os mais de R$ 100 bilhões são conversa fiada”, destacou.
Margarida também refutou a redução da responsabilidade do Estado em arcar com a educação pública superior, uma visão mercadista do governo Bolsonaro. “Future-se é uma degradação conceitual. Na universidade são criadas patentes, vacinas, remédios, startups, tecnologia, mas é também onde se formam lideranças, professores, gente. A grande mudança na universidade brasileira é o seu alunato: 51% é formado por pessoas que se autodeclaram negros e negras. Isso é revolucionário. Esse governo vê as universidades somente como gastos. Nós vemos de outra forma: quanta gente diferente, agora, tem oportunidade de estudar e se formar. Isso muda de uma forma irreversível os quadros dirigentes do país”, finalizou.
Em função do seu posto de coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades, a ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora está indo de norte ao sul do Brasil para denunciar os ataques do governo Bolsonaro às Instituições Federais de Ensino Superior. Na próxima semana, a deputada também estará em Porto Alegre e Belo Horizonte. Nas últimas semanas, ela já esteve em Viçosa (MG) e Santa Catarina.
Por PT na Câmara