Marina não sustenta ataque à CLT, mas também não convence trabalhadores

Ao encampar pauta do empresariado, Marina propôs atualizar a CLT, mas voltou atrás dois dias depois com medo de perder votos e não convenceu trabalhadores

DSC_5931 Damiana Amaral

“Com a carteira assinada nós temos todos os nossos direitos garantidos. Ninguém pode mexer nisso não”, disse a auxiliar de limpeza, Damiana Amaral

 

Em novo recuo, a candidata do PSB à presidência voltou a demonstrar que não sustenta um discurso ao desdizer que pretendia “atualizar” a  Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), apenas dois dias depois de prometer alterações durante reunião com micro e pequenos empresários. Agora, Marina Silva afirma que os direitos dos trabalhadores são “sagrados”, com medo de perder os votos. No entanto, a mudança não convence sindicalistas e assusta trabalhadores.

O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, acredita que a candidatura de Marina exemplifica o viés do setor financeiro privado, que privilegia o lucro em detrimento das garantias do trabalhador. “Está claro que a intenção é flexibilizar o cumprimento das leis trabalhistas para permitir um ganho maior ao setor que a financia”, declarou.

Segundo o sindicalista, nenhuma proposta que parta do grupo que a apoia virá para modernizar a legislação trabalhista, mas sim, para retirar direitos. “Essa candidatura representa um claro risco para as conquistas e direitos históricos. É fazer o país reviver a era Pré-CLT”, reforçou.

DSC_5951 Natan de Andrade

“Dá medo. Isso vai beneficiar essa minoria que já se sente por cima”, acredita o vendedor Natan de Andrade

Tanto o discurso de Marina Silva, quanto seu programa de governo são vagos sobre as mudanças que pretende fazer. “Em tópicos específicos, em consequência das grandes mudanças ocorridas nas relações de trabalho no país e no mundo, é necessário atualizar a legislação”, diz o documento.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello, confrontou as insinuações da candidata com o modelo de governo proposto por ela, com forte tendência neoliberal e defesa da terceirização da mão de obra a todo custo. “Ela pode mudar o que diz, mas diante do que vemos no programa de governo da Marina, isso tudo é muito perigoso”, declarou.

“Nós sabemos que se ela quer mexer agora na CLT, é para isso. Para beneficiar única e exclusivamente o empregador”, observou.

DSC_5938 Elaine Alves

“Um candidato que propõe uma coisa dessa é um irresponsável, para não dizer outra coisa”, afirmou Elaine Alves Duarte, supervisora de vendas

Trabalhadores apreensivos – A auxiliar de limpeza, Damiana Amaral, de 25 anos, fica receosa quando alguém fala que vai mudar as regras da CLT. Para ela, qualquer alteração que venha a ser feita tem que ser favorável ao trabalhador. “Com a carteira assinada nós temos todos os nossos direitos garantidos. Ninguém pode mexer nisso não”, declarou.

Assim também pensa a cobradora de ônibus, Sônia Batista, de 42 anos. “A gente fica pensativo e com medo de que mudem algo para nos prejudicar, porque para atingir as conquistas que temos hoje houve muita luta”.

“Um candidato que propõe uma coisa dessa é um irresponsável, para não dizer outra coisa”, afirmou Elaine Alves Duarte, de 34 anos. Supervisora de vendas, ela trabalha com a carteira assinada desde os 18 anos e dá muito valor a todos os direitos conquistados pela classe trabalhadora. “É uma segurança a mais para eventualidades, licença, férias e aposentadoria”, disse.

“Dá medo. Isso vai beneficiar essa minoria que já se sente por cima”, acredita o vendedor Natan de Andrade, de 22 anos.

Dilma – A presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, reagiu com veemência às declarações de Marina Silva e garantiu que não mudará a legislação trabalhista, caso haja a possibilidade de perda de direitos. “Férias, décimo terceiro, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), hora extra. Isso eu não mudo nem que a vaca tussa”, enfatizou a candidata.

 

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias,com fotos de Sheyla Leal

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