Médico que atacou Dilma na web está afastado por agressões contra colega
Milton Pires ironizou Dilma por ter sofrido queda de pressão após debate presidencial. Ele disse que não apagará postagem do Facebook
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O médico Milton Simon Pires, que debochou do mal estar subido sofrido pela presidenta Dilma Rousseff após debate dos presidenciáveis no SBT nesta quinta-feira (16), está afastado do trabalho desde o dia 22 de setembro por agressões físicas e verbais contra uma colega.
“Tá se sentindo mal? A pressão baixou? Chama um médico cubano, sua grande filha da puta”, ironizou o médico no Facebook, ao se referir ao programa Mais Médicos. A postagem tinha, até 17h desta sexta-feira (17), mais de 1,2 mil compartilhamentos.
O médico continuou a tratar de assuntos políticos nas redes sociais durante o dia e afirmou que não deletará a postagem. “Será necessário cassar meu diploma de médico, me algemar e me levar preso e ainda assim eu não retiro o que escrevi sobre Dilma Rousseff, nem peço nenhuma desculpa!”, escreveu.
Formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Milton Pires é concursado e trabalha desde junho de 2010 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. O estabelecimento é vinculado ao Ministério da Saúde e oferece 100% dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, o médico está afastado da função para responder a Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Uma médica, colega de trabalho de Milton Pires, o denunciou e registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher sobre as agressões sofridas durante horário de trabalho.
“O seu afastamento ocorreu devido à gravidade da denúncia que foi registrada pela sua colega e também para garantir que o PAD seja realizado sem nenhum tipo de intervenção do denunciado, sendo assegurados sua remuneração e o direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório”, afirmou o Grupo Hospitalar Conceição, em nota divulgada em 24 de setembro.
A assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul informou ainda não ter um posicionamento sobre o caso, mas alegou que a “ética do profissional deve prevalecer mesmo com as divergências políticas em período eleitoral”.
O advogado do médico, Leudo Costa, foi candidato a deputado federal pelo PSDB nas eleições deste ano. Ele é filiado ao partido desde 1994 e também utiliza as redes sociais para fazer críticas à gestão do Partido dos Trabalhadores.
Costa afirmou, pelo Facebook, que o cliente foi ameaçado de morte na manhã desta sexta e que o médico está “marcado para morrer por ser contra o PT”. Segundo ele, a ameaça foi gravada. “A conversa agora é com a Polícia Federal”, disse o advogado.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias