Mercado especulativo despenca após promessa de manutenção da taxa de juros

Presidente do Banco Central admite usar reservas superiores a US$ 370 bilhões para controlar alta do dólar e anuncia que patamar atual de juros será mantido por período prolongado

Perto do fim do pregão da Bolsa de São Paulo, nesta quinta-feira (24), e diante da promessa do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de manter “estável” a taxa Selic, a cotação do dólar comercial registrou forte queda pouco depois das 16h, de 2,10%. As operações de futuros da moeda caíram ainda mais, acima de 3%, e as cotações na Bovespa reequilibraram-se, após consecutivas quedas nos últimos dias, zerando as perdas do dia.

O presidente do BC afirmou, em entrevista não agendada e que surpreendeu a imprensa, que a estratégia do BC é manter a taxa Selic no nível atual por um período prolongado, depois de registrar elevação continuada e progressiva desde outubro do ano passado.

As declarações fizeram o índice do Ibovespa, que mede o desempenho dos negócios na principal bolsa do país, entrar em declínio, “fechando longe da mínima dos 2,49% das 10h51 (horário de Brasília)”.

No entender de Tombini, o cenário recessivo na economia “vem mais que compensando o impacto do câmbio na inflação”. Ou seja, a retração das vendas no país está impedindo que o dólar mais caro afete ainda mais as taxas que medem o aumento dos preços ao consumidor.

A mudança de cenário no mercado aconteceu por Tombini ter declarado aberta a possibilidade de o governo usar as reservas internacionais brasileiras para controlar o câmbio.

“As reservas são um seguro. Pode e deve ser utilizado”, afirmou.

A página do BC registra que as reservas estão próximas de US$ 370,6 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão) nesta data. Tombini também comentou que o BC “tem visto estabilidade nas previsões de inflação para 2016”.

Para ele, a depreciação cambial do real nos últimos 12 meses, que elevou a valorização do dólar em 56%, só pressiona o nível geral de preços no curto prazo – portanto, sem afetar suas perspectivas para o ano que vem.

Numa demonstração de que o recado de Tombini abalou os movimentos especulativos, o mercado de juros futuros também declinou: para janeiro de 2017 houve recuo de 73 pontos e, para 2021, ainda mais (94 pontos).

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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