Vice de Bolsonaro, General Mourão volta a criticar 13º salário

Para o General Mourão, o benefício é um dos “custos” que o país precisa diminuir. Mas seu discurso é outro em relação aos direitos das Forças Armadas

A chapa de Jair Bolsonaro até tenta, mas não consegue esconder seus interesses antipovo. Mesmo após um puxão de orelha do candidato, o general de reserva Hamilton Mourão – o mesmo que ofendeu mães e avós que sustentam suas famílias –  voltou a criticar o 13º salário.  O benefício, na visão do vice do PSL, é um dos “custos” que o país precisa diminuir e que “todos saímos prejudicados”.

“Você vê empresa que fecha porque não tem como pagar. O governo tem que aumentar imposto, e agora já chegou no limite e não pode aumentar mais nem emitir títulos. Uma situação complicada”, disse o general, segundo reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta terça-feira (2).

Na semana passada, ele já havia dito que o benefício é “jabuticaba brasileira” e “uma mochila nas costas dos empresários”. A declaração foi duramente criticada e o candidato do PSL que pediu que ele ficasse “quieto” porque estava “atrapalhando”.

Ao povo, menos direitos. Aos amigos, a lei

Quando se trata dos direitos trabalhistas dos militares, o General Mourão tem um discurso bem diferente. Ele defendeu que as Forças Armadas ficassem de fora da Reforma da Previdência do governo Temer. Em texto publicado no blog oficial do Exército Brasileiro, Mourão argumenta que devido às “peculiaridades” da carreira, as FA devem se manter “remuneradas” e “motivadas”.

Em plena crise, o setor passou a pesar ainda mais no orçamento público. No ano passado, o Brasil desembolsou 29,3 bilhões de dólares em gastos militares – 6,3% mais do que em 2016 e o recorde desde 2010. Não há notícias de que Mourão tenha feito qualquer crítica aos gastos com o setor, nem a a esdrúxula pensão para filhas solteiras maiores de 21 anos.

Dados do Ministério da Defesa mostram que, nos últimos quatro anos, o vice de Bolsonaro recebeu o equivalente a 266.486,97 reais em benesses previstas pelo cargo. De diárias de viagens, cobertura de despesas médicas, auxílio-funeral a ajudas de custo quando teve que se mudar de cidade. Alguns desses repasses chegam perto dos 50 mil reais.

Mourão chefiava o Comando Militar Sul, mas foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em 2015, depois de uma homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra – o mesmo que torturou a presidenta eleita Dilma Rousseff. De comandante de tropa, passou a comandante de mesa. No final deste ano, foi a vez do próprio Michel Temer o afastar após uma defesa pública do golpe militar.

O Clube Militar do Rio de Janeiro, presidido pelo General, recebe todo mês dos cofres públicos 270 mil reais, descontados dos salários dos mais de 7 mil oficiais. Mas o clube vem fugindo às suas funções, e contrariando a lei. Há dois meses, uma reportagem do UOL revelou que Mourão têm usado a instituição para fazer propaganda pró-Bolsonaro.

Essas contas podem até resistir a uma auditoria, mas dificilmente seriam aprovadas por quem de fato paga por elas: você. Fique de olho nos candidatos antipovo.

Da Redação Agência PT de Notícias

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