Mulheres em tratamento de câncer ganham perucas em Brasília

Doações melhoram autoestima e ajudam no tratamento de mulheres fragilizadas com a perda de cabelos

Mulheres em tratamento de câncer recebem perucas em Brasília

A idealizadora do projeto, Roberta Andrade, e a paciente Edinair Gomes: recuperação da autoestima.

A idealizadora do projeto, Roberta Andrade, e a paciente Edinair Gomes: recuperação da autoestima.

Poucas coisas interferem tanto na autoestima de uma mulher quanto seu cabelo. Quando atingidas por algo tão cruel quanto o câncer, elas costumam ficar fragilizadas e deprimidas pela queda das madeixas.

Para aliviar esse momento, a Rede Feminina de Combate ao Câncer do Hospital de Base de Brasília realizou nesta segunda-feira (12) uma grande entrega de perucas. Durante toda a manhã, elas entravam cabisbaixas, algumas até envergonhadas. Após recebem o atendimento de cabeleireiras especializadas, era possível vê-las saírem revigoradas.

“É um momento lindo, de grande emoção, quando resgatamos a autoestima de tanta gente. Você vê na paciente a esperança de melhora de volta”, contou emocionada a coordenadora da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Vera Lúcia Bezerra da Silva.

“Nosso trabalho é doar amor, enxugar lágrimas e provocar sorrisos”. É o momento em que estamos mais perto de Deus”, disse a coordenadora.

Foi assim com Edinair Gomes da Silva, 45 anos, que recebeu uma bela peruca na cor castanho-claro. A manicure enfrenta tratamento de câncer de mama desde setembro de 2013, quando teve que fazer uma mastectomia. “Estou me sentindo muito melhor. Até disseram que estou bonita!”, revelou, orgulhosa, mostrando uma fotografia sua antes do câncer.

“Já tive outras perucas, mas não gostava porque esquentava muito a cabeça e ficava frouxa. Essa agora está mais confortável”, explicou. Depois que descobriu o programa desenvolvido no Hospital de Base, Edinair já levou quatro amigas para doar os cabelos. Faltam agora mais duas sessões de quimioterapia para ela, que deve enfrentar a radioterapia em seguida.

Aparecida Yamanaka, 66 anos, foi ao hospital para doar seus cabelo. Mas há quatro anos e meio, era ela quem recebia o apoio para encarar o câncer de mama. Com histórico da doença na família, ela disse não ter se deixado abalar com a notícia.

“Para mim não foi novidade. Cortei meu cabelo curtinho antes de começar o tratamento para ninguém ficar surpreso”, contou a senhora, que já doou os cabelos duas vezes para a confecção de perucas para as outras pacientes.

Aposentada devido à doença, Aparecida vendia pizzas feitas por ela na feira dos importados e outros comércios. Atualmente, dedica-se a confecção de roupas infantis e as doa para os projetos da Rede Feminina.

A entrega de perucas para pacientes de câncer no Hospital de Base começou há dois anos. São doadas de dez a 12 unidades por semana. De janeiro de 2014 até agora, mais de 150 mulheres já foram atendidas. Hoje durante o mutirão foram entregues mais 40 perucas.

Para receber uma peruca, basta ir à ala feminina do Hospital de Base com identidade para se inscrever. Caso a pessoa leve cabelos doados, a confecção, feita pelo próprio hospital, leva em torno de oito dias. Todas as solicitações são atendidas.

A equipe tem também outros 24 projetos, que envolvem desde entregas de toucas e lenços, até a realização de bazares e entregas de cestas básicas. O hospital produziu e entregou ainda cerca de 400 próteses mamárias, só em 2014.

Após ver a própria mãe enfrentar a doença, a cabelereira Roberta Andrade deu início à campanha de doação de perucas para mulheres vítimas de câncer, há mais de três anos. Ela conta que fabricou duas para a mãe e que, quando viu o sorriso dela, percebeu quantas outras mulheres também precisavam.

A campanha acontece duas vezes por ano, com cortes gratuitos para quem decidir doar os cabelos. “A auto estima cura. Então se a gente pode fazer algo para ajudar porque não? É realmente muito gratificante”.

A próxima campanha está marcada para a segunda quinzena de outubro. Quem quiser ajudar, pode ir até o salão com o cabelo já cortado ou realizar o corte por lá. Todo o processo de confecção e entrega das perucas é feito gratuitamente.

Os cabelos precisam ser maiores que dez centímetros e podem ter recebido química, tanto lisos, quanto cacheados. “O importante é a vontade de ajudar!”, disse Roberta.

Por Alessandra Fonseca e Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias

PT Cast