Não vou saudar um golpista, diz atleta venezuelana sobre Temer
Uma das personalidades olímpicas mais importantes da Venezuela, Alejandra Benitez promete protestar contra Temer: “Sou pela justiça e queria ver a Dilma”
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“Política, mulher e de esquerda”. É assim que se define a esgrimista Alejandra Benitez, uma das atletas mais influentes da Venezuela, que está no Rio de Janeiro para disputar os Jogos Olímpicos.
Ela se diz entusiasmada em disputar sua quarta Olimpíada, mas prepara uma forma de protestar na cerimônia de abertura, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”.
Em entrevista na Vila Olímpica, ela disse que não acenará para o presidente interino e golpista Michel Temer, que estará nas tribunas do Maracanã, durante o desfile das delegações.
“Lamento porque pensava que ia passar pelo estádio e iria saudar a Dilma (Rousseff) como presidente da República. Mas agora há um golpista. Eu não vou saudá-lo, por exemplo, porque é um golpista. Não sei se todos os venezuelanos vão, mas eu não vou. Passarei diretamente porque ele é um golpista, e os golpistas são antidemocráticos. Eu sou pela democracia e pela justiça. Queria ver a Dilma, e não vou a saudá-lo”, afirmou.
“Lamento porque pensava que ia passar pelo estádio e iria saudar a Dilma como presidente da República. Mas agora há um golpista. Eu não vou saudá-lo, por exemplo, porque é um golpista.
Ela já se declarou admiradora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente uruguaio José Mujica. A atleta afirma, ainda, que o golpe contra Dilma tem componentes machistas.
“É terrível o que vemos. Um golpe de estado que estão legalizando. Eu, como mulher, acredito que também foi um ato machista, algo patriarcal, contra a mulher. Na política, o homem acredita que deve se impor ante a mulher, e que ela não tem méritos por estar lá”, afirmou.
“Me incomoda. Dói, afeta, sim. Porque sou política, sou mulher e sou de esquerda. Aconteceu comigo também. No mundo dos dirigentes esportivos eles creem que os homens devem ter domínio absoluto e as mulheres só servem para acompanhá-los. Eu sigo na política, trabalhando no meu trabalho social, no partido socialista”, completou.
A atleta também elogiou a receptividade do povo brasileiro.
“O espírito aqui é único. Quando chegamos ao Brasil, para nós, é como estar em casa. As pessoas são amáveis, querem ajudar em tudo. É um trato especial. Estou aproveitando e esperando o dia mágico, 8 do 8 [agosto]. Um dia especial. É difícil conquistar uma medalha, mas não é impossível”, disse.
Benitez foi ministra do Esporte no governo do presidente Nicolás Maduro entre 2013 e 2014 e deputada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S. Paulo