Nota: Professores das faculdades particulares de São Paulo em defesa da democracia

Autoritarismo não combina com educação, tampouco com as patrulhas ideológicas que já começam a surgir nos corredores das universidades brasileiras

Ricardo Stuckert

Fernando Haddad

Nossa democracia, com 30 anos recém completados, está em risco. Como professores que somos, temos o dever de defender o pensamento crítico livre e a reflexão. Não podemos permitir que nenhum governo, independentemente de ideologias políticas, interfira em nossa liberdade de pensar e agir. Educação se faz com a segurança da manutenção dos direitos à expressão sem quaisquer formas de censura e ataque, dos direitos e da liberdade de pesquisa em quaisquer temas de interesse e dos direitos humanos, fundamentais para garantir a democracia.

Educar pressupõe luz, clareza, transparência. Autoritarismo não combina com educação, tampouco com as patrulhas ideológicas que já começam a surgir nos corredores das universidades brasileiras.

Defendemos a pluralidade! Pluralidade de gêneros, de raças, de crenças, de ideologias e de posições políticas. Acima de tudo, porém, não podemos permitir que o discurso de ódio paute qualquer plano de governo. O ódio doutrina, o ódio cega, o ódio mata.

Estamos unidos contra o ódio. Nosso pulso ainda pulsa em defesa de algo maior, representado pelo Estado Democrático de Direito, pelo respeito, pela paz e pela livre expressão. Refutamos qualquer tipo de proposta cerceadora e autoritária. A universidade é o espaço para cultivar ideias livres de preconceitos, estereótipos e sem as amarras de ideologias retrógradas e autoritárias. Defendemos a inclusão, defendemos a construção de pontes e não de muros.

Rechaçamos de forma categórica propostas retrógradas como “Escola Sem Partido” e seus similares, cujas bases são revestidas de preconceitos morais e ideologias reacionárias e antidemocráticas.

Somos contra o cultivo do ódio, da homofobia, da transfobia, da misoginia, do racismo e do machismo. É inadmissível a defesa de torturadores patrocinados pela Estado e de quaisquer formas de violências.

Acreditamos ainda que o ponto de vista científico seja a forma mais atuante de restituir a verdade dos fatos históricos sobre a ditadura. A Comissão Nacional da Verdade e a academia brasileira já nos revelaram, de maneira criteriosa e documentada, os horrores promovidos por agentes do Estado brasileiro durante o regime autoritário. Somos guiados pelos fundamentos éticos consagrados na Carta Magna de 1988: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações” e “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

PELA AUTONOMIA CONTRA A OPRESSÃO! EM DEFESA DA DEMOCRACIA SEMPRE!

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